Epílogo

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Passaram-se quatro anos depois de tudo que aconteceu com Okubo e os Animalians. A vila abraçou o acampamento, e nem notamos quando foi que os animalians marinhos começaram a construir casas para morar próximo do local. Os moradores ajudavam nas construções, carregando as madeiras e colocando os pregos nas casas. A primeira casa foi especial, palavras dos moradores do vilarejo. A construção foi uma casa central para o Kato, que não demonstrou, mas gostou tanto da construção que se mudou no mesmo dia que finalizaram. Tibini está construindo uma casa mais afastada do acampamento, já está para terminar. As colunas de madeira lixadas e desenhadas à mão por ele, fizeram a construção demorar mais do que o esperado. Miruni o ajudava, disposto a receber as instruções de onde pregar as coisas. Prometeram-me o papel de ser a madrinha do casamento, com a Lizzie, mas só quando finalizarem a casa.

O casamento mais próximo já está batendo na nossa porta. Nunca vi a Lizzie tão eufórica com algo. Até mesmo quando recebeu o primeiro elogio da curandeira, soube reter a animação muito bem, claro, que na frente da curandeira, só bastou entrar na minha cabana para pular de comemoração aos berros. Agora, ela anda de um lado para o outro, arrastando o vestido branco pela terra. Aqui não tem a tradição de casar usando branco, mas a mãe da Lizzie guardou um lindo vestido de mangas de renda floridas para que ela usasse no dia do seu casamento. Tibini construiu o arco de flores que está em frente ao altar. Na verdade, ele fez questão de construir tudo. Só não construiu as cadeiras porque já estavam feitas.

Ela está tão linda que não consigo parar de elogiá-la. Minhas mãos tremem para colocar a tiara de flores em sua cabeça.

— É de felicidade. — digo, para explicá-la o choro.

— Eu sei. — Fala, soltando um biquinho ao encher seus olhos de água.

— Não, mas você não pode chorar. — sussurro. — Eu choro por nós duas. Não se preocupe.

— Vamos ter o que falar para as meninas no ano novo.

— Sim.

— Você pensou em uma desculpa?

Eu pego um lenço para limpar as lágrimas que embaçam minha visão.

— Vou dizer que foi um surto de amor casar às escondidas.

— Eu acho que elas não vão se importar tanto se eu levar ele novamente. — Ela bate na saia do vestido. — Elas amaram na última vez que o levei.

— Claro, só faltou o Ilariki tirar um coelho da cartola para impressioná-las.

— Ele estava um pouco nervoso. Eu te disse que ele até leu livros de autoajuda do nosso mundo para aprender maneiras de conversação!?

Eu dou o último nó nas costas do vestido, abaixando o tecido comprido, tirando as terras da barra ao bater com as palmas das minhas mãos. Ela respira fundo, andando ao meu lado até a cortina que divide o local com os convidados. Tio Jhon aparece logo em seguida, erguendo o braço para guiá-la até o altar.

Corro para frente do altar, ao lado de Miruni que me entrega mais um lenço para enxugar as lágrimas. Ilariki amassa o tecido de sua túnica de tão nervoso. Os bordados dourados ficam ondulados de tanta pressão das mãos suadas. O casamento deles é um pouco diferente do nosso. Não há aliança ou alguém para comandar a cerimônia. Há os votos e as declarações de amor. Mas toda a cerimônia é feita pelos noivos. Ikimari disse ser a representação do início do simbolismo de um casamento. Com os noivos iniciando uma nova jornada juntos e responsáveis pela ligação de amor entre eles.

Oh, céus, estou soluçando de tanto chorar.

Quando ela chega, é entregue pelo Jhon ao Ilariki. Sua coroa de flores é retirada do seu cabelo. As flores foram colhidas por eles um dia antes da cerimônia. Eles encaixam as mãos no meio da coroa de flores, de mãos dadas para começar os votos:

Renascer dos Lobos Onde histórias criam vida. Descubra agora