Capítulo 16 - Lizzie

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Subimos no bote que foi gentilmente oferecido pelo dono do navio como recompensa pela ajuda com as criaturas aladas. Ilariki me ajuda a subir, oferecendo sua mão de apoio para mim. Não sei ao certo quando tudo isso começou a fazer tanto sentido em minha vida. Poucas semanas que pareciam meses. Julgo que a sensação de tempo é alongada com a experiência de morte.

As ondas de água gelada que batem em minha mão fora do bote, mostram que tudo não é um sonho. Eu estou mesmo ali; fazendo tudo aquilo. Toda a história dos meus pais, as criaturas e os cristais, não passam de um frio na barriga agora. Olho para Melinda; quero conversar com ela, saber o que ela está pensando de tudo isso e me desculpar por envolvê-la. Eu só quero saber como ela está lidando com tudo isso? Ela tira os fios de cabelo que insistem cair em seus olhos. Olhando apaixonada para os peixes que formam um cardume ao redor do barco. A luz do sol bate nas águas cristalinas, refletindo nas escamas dos peixes que pulam para fora da água.

— É lindo. — ela diz.

— Sim, muito lindo. — concordo.

Sinto um balançar no barco, seguido de um estrondo enorme em meus pés. O barco para de se mover. Miruni e Tibini forçam os braços para remar, mas o barco não sai do lugar. Vejo a sombra de uma criatura passando por baixo do bote. Não parece ser um tubarão. O animal arranha a madeira do bote em nossos pés, não parece som de garras, mas de dentes.

— O que é isso? — exclama Tibini.

Um ronco surge de baixo da água, surgindo bolhas que emergem na superfície. Um ronco grave e amedrontador. O balanço aumenta. Seguro firmemente na madeira para não cair na água. A criatura está nos levantando. Surge um enorme tentáculo no meio do nosso bote; outro tentáculo pega Tibini pela cintura, arrastando-o para o fundo do mar. Miruni solta o remo, e sem pensar duas vezes, pula para resgatá-lo.

Não é uma lula.

— Precisamos sair daqui. — diz Ikimari.

— E eles? — Melinda questiona.

— Agora, Ilariki. — ele insiste.

— Vamos nadando até a areia. — Ilariki concorda com o irmão.

Nós pulamos na água. Não consigo ver a criatura. Peixes beliscam minhas pernas enquanto nado. Quando finalmente chego à areia, o tecido do meu vestido fica pesado com a água. Arrasto-me com dificuldade na areia. Olho para trás, Melinda vem em minha direção, seguida por Ikimari, que joga seu manto molhado na areia e retorna para a água. Afundando ao ser coberto por uma onda.

— Aonde ele foi? — pergunta Melinda.

Tento ver algo. Uma estranha nuvem verde musgo surge na água, coberta por mais bolhas que parecem ferver a água do mar.

— Isso é veneno. — diz Ilariki. — Tibini! Miruni!

Ele corre pela areia para voltar para água.

— Não, Ilariki. — grito.

Miruni surge no meio das águas claras, longe do veneno. Ele segura Tibini em seus braços, tampando a boca do rapaz com sua mão. Ilariki avança na direção dos dois para ajudá-los. Tibini se solta dos braços do rapaz ao ver que ele está perdendo a consciência. Ele ajuda Ilariki a tirar Miruni da água.

— Ele inalou o veneno. — ele diz, desesperado.

Tibini faz respiração boca a boca em Miruni. Penso ser a mesma técnica no mundo humano, mas é diferente, ele está sugando o veneno para fora. As veias de seu pescoço dilatam em um verde-escuro, e ele solta um ar denso esverdeado para fora da boca. Tibini começa a mostrar sinais de falta de ar após tirar o veneno do corpo de Miruni, mas esboça um sorriso de lado ao ver Miruni se levantar, atordoado e cuspindo água. Miruni olha para Tibini, que está retomando a respiração aos poucos.

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