Capítulo 41 - Lizzie

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Coloco os pés na areia. Calçando o sapato às pressas. Miruni passou correndo para nos chamar. Levanto tão depressa que bato a cabeça na madeira ao lado da cama que sustenta a cabana. Coloco o último pé do sapato, enquanto massageio minha testa com a outra mão.

— Você vai, vovô?

Ainda é estranho tê-lo aqui...e falando. Mas ele parece animado, nunca o vi tão vibrante antes. Seu rosto se ilumina e o brilho nos seus olhos não escondem a sua empolgação de voltar para este mundo. Ele salta da cama, sem se importar com suas costas. Eu o ajudo a sair da cabana, levantando o tecido para que ele possa passar.

Os guardas parecem mais ativos, esperando para me levar até o local.

Parece que fui a última a chegar. Kato está sentado em frente a uma mesa quadrada no centro de sua cabana. A mesa tem papéis empilhados que não permitem que eu veja a parte plana da madeira. Ikimari passa as unhas afiadas entre os papéis, lendo alguns que lhe chamam a atenção.

— Não conseguimos descansar. — Miruni estica os braços, soltando um bocejo enorme.

— Não disse que podiam descansar. — Kato responde.

Kato faz sua adaga passear em sua mão como manteiga.

— Isso foi tudo que encontrei. Já li e reli cada pedaço desses papéis. — Ele levanta os papéis, mostrando as marcações que fez. — Em um pequeno resumo da mente daquele humano, é que seu plano tem quatro partes: a primeira, foi criar as criaturas que ele chamou de ovolaians, encontramos os ovos de cristais dessas criaturas em cada esconderijo que invadimos, são as criaturas aladas. Lutamos contra algumas, são as mais antigas criações dele, ele já as usou para atacar vilas. Mas essas...

Ele aponta para um papel que tem um esboço dos desenhos das criaturas.

— Ele de alguma forma achou uma maneira de aprimorá-las, deixando elas mais conscientes. Lutamos com algumas delas, umas ainda são irracionais e apenas atacam, mas outras parecem seguir ordens e padrões específicos.

Escutamos com muito cuidado. Ikimari se inclina na mesa. Não para de ler, enquanto escuta com atenção.

— O segundo passo: é a experiência com humanos, muitos falharam e não sobreviveram, ele testou em todos os seus homens humanos, mas poucos tiveram sucesso. Nos papéis que conseguimos ele não descreve muito sobre isso, mas alguns morreram e outros, experiências realizadas em caçadores, não se tornaram animalian completos, mas anquinis. Não acho que devemos nos preocupar com isso.

— Mas teve um sucesso. — completa Melinda. — Nós encontramos um.

— Verdade! — Miruni inclina seu corpo para frente. — Nós lutamos com um humano que tinha os poderes de um animalian anfíbio, ele expelia um gás tóxico.

— Ele usava um cristal para isso. — acrescenta Ikimari. — Talvez porque não era um animalian completo, precisava do cristal para aprimorar seu corpo.

— Nenhum cristal faz isso. — Surgem rugas entre as sobrancelhas de Kato. — Faz?

— Não devia, mas ele fez. Sem contar que ele é a prova de que seus experimentos com humanos funcionam, ele é um experimento que deu certo.

— Que tipo de cristal faz algo assim?

— Quais os outros passos? — Ikimari retruca com outra pergunta.

— O terceiro passo: usar os animalians presos para controle, e... — ele respira fundo, engolindo o seu asco pelas ações de Okubo. — Tomar parte dos corpos deles para o seu experimento. O que leva ao quarto passo: criar uma criatura com as partes que conseguir.

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