Ele dormiu o resto do dia. Acordando no outro dia com os olhos pequenos e com seus cabelos desgrenhados. Mas não está com uma pele tão pálida como antes. Só precisou de um bom sono para revigorar seu corpo. Ele coça sua orelha e boceja como um gato que acabará de acordar. Eu o levo ao banheiro e explico como seria um banho em meu mundo. Ele fica encantado com tudo que eu digo, passa toda a minha explicação cheirando o sabonete que lhe entreguei. Sem falar nada, apenas escutando como uma criança aprendendo coisas novas.
— Quando terminar desça para tomar café. — eu digo, do outro lado da porta fechada.
Meu avô empenha-se em preparar minha bolsa, procurando por todos os cantos da casa algo útil para que eu levasse para o outro mundo. Bem, diferente de mim, ele conhece o que ia encontrar, então achei melhor deixá-lo terminar. Pego o celular em meu bolso, não sabia o que dizer para as meninas. Começo a digitar para Melinda, pensando em uma desculpa para dizer por que faltei aula ontem. Mas, não seria inteligente. Melinda tem uma grande capacidade de descobrir minhas mentiras, se eu falar alguma doença, ela apareceria aqui em casa no mesmo instante com remédios e chás milagrosos, se falar que foi algo com o meu avô, ela ligaria para todos os hospitais da cidade para saber como ele está. Um sorriso brota em meu rosto. Tenho uma grande amiga.
Ele desce as escadas com o cabelo pingando. Acho que não mostrei a toalha. O entreguei roupas velhas do meu pai, uma blusa azul-marinho de botão e uma calça moletom marrom.
— Vovô, voltarei na segunda, está bem. — eu pego sua mão. — Liguei para Dona Julia, expliquei que faria uma viagem para a escola neste fim de semana, ela disse que pode ficar até mais tarde hoje e domingo. Comprei alguns bolos na padaria, tem o de abacaxi que ela gosta e o de limão que o senhor...
Ele dá tapinhas na minha mão e sorri, como se dissesse: "está tudo bem". Ele me entrega a mochila que arrumou.
Ilariki pega o cristal da minha mão.
— Para aonde vamos? — pergunto.
— Para o novo local dos cristais. Só preciso lembrar-me da mesa.
"Então também serve pensando em objetos", concluo em pensamento.
Ele quebra o cristal com suas unhas. Ainda não me acostumei com o vento frio e os pedaços do cristal que cobrem meus olhos. Abro os olhos, reconhecendo o cheiro da terra molhada. Paramos em frente à mesa. Tudo parece estar no mesmo lugar. Os cristais no teto, a fonte de água e o lago.
— Como? — pergunto.
— Seu avô criou esse lugar para se materializar em outro lugar caso fosse invadido, a única forma de achar é na pura sorte ou com os cristais.
Ele pega cristais na mesa e me entrega.
— Coloque em sua bolsa. — ele pede.
— Todos têm a mesma finalidade?
— Não exatamente, são cristais de transição e locomoção. Os rosas são de locomoção, está vendo. — ele me mostra os cristais rosa, segurando-os entre suas unhas. — Estes nos levam para lugares aleatórios no mundo que está. Não é dos melhores, mas é uma boa tática para enviar o inimigo para longe, não precisa pensar em um lugar, é só jogar no pé dele. Os azuis são de transição, que você já conhece, é só pensar em algo, alguém ou em um lugar.
— Onde estão os outros? Você disse que meu avô pesquisou inúmeras qualidades de cristais.
— Estão com ele. Seu avô entregou para ele. É o que o faz tão perigoso. Cristais amarelos de controle, verdes de possessão e vermelhos de cura.
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Renascer dos Lobos
FantasyLizzie é uma jovem comum, vivenciando os problemas do último ano do ensino médio, podendo contar sempre com suas amigas e com o seu avô. Ela só não tinha como prever que sua vida mudaria completamente com a descoberta de um novo mundo. Conflitos e p...