Ele coloca o corpo para frente, apoiando o cotovelo esquerdo em seu joelho. Percebo que em seu punho tem um fio amarelo que percorre sua pele, dando voltas na lâmina da espada que carrega, e seguindo flutuando até o homem no cavalo.
— É você? — ele parece desapontado. — Quando falaram que era um Iki, pensei que falavam do Ikimari. Onde ele está?
— Eu não sei. — Ilariki conversa como se já se conhecessem.
— Então, ainda está desacordado. É uma pena!
Ele avança apontando a espada para atacar Ilariki.
Ilariki me empurra para trás. Desviando da lâmina do rapaz.
— Miruni, o que está fazendo? — pergunta Ilariki.
Eles realmente se conhecem. O rapaz muda a posição da espada, virando seu corpo e lançando outro golpe. Ilariki consegue abaixar-se no momento certo, mas o rapaz usa o joelho para acertá-lo. Ilariki cai para trás. Com a mão no peito, onde o golpe foi desferido.
O rapaz joga novamente a espada em seu ombro direito e cerra o punho. A manga bufante de sua blusa vermelha cobre seu braço, mas com a movimentação de seu corpo, consigo enxergar os traços da tatuagem, como as de Ilariki. Mas, na dele, vejo círculos espalhados com os traços que circulavam seu braço esquerdo.
Ilariki consegue bloquear um golpe, segurando a espada com a mão. Ele tira uma das flechas na aljava e a usa para atacar. O rapaz rapidamente esquiva-se para trás, fazendo com que a flecha apenas passe raspando no colete marrom que ele usa por cima da blusa vermelha.
— Os seus movimentos estão lentos. — diz Ilariki.
— E os seus estão rápidos para quem passou 17 anos, morto em um cristal. — Ele retira o colete, jogando-o no chão.
— Quanto tempo você passou?
— 15. Quando acordei, já não tinha mais controle do meu corpo.
— Então é isso, você não está lento, mas não é você que está lutando. — Ilariki olha para o homem em cima do cavalo, que permanece com um sorriso malicioso como se estivesse se divertindo.
— Claro, se fosse eu lutando, já teria ganhado. — ele fala convencido de suas palavras.
Os olhos de Ilariki se iluminam como fogo.
Miruni usa suas longas unhas para cortar o cordão do seu tapa-olho. Consigo enxergar mais dos fios amarelos se dissipando quando o objeto toca o chão. Seus olhos picam para acostumar com a luz, revelando duas linhas cicatrizadas que estavam escondidas pelo tapa-olho. Ele abre o olho, que brilha em um azul mais escuro que o céu em nossa cabeça.
— Ilariki. — ele chama a atenção do Ilariki, que encarava ferozmente o homem no cavalo. — Pelos velhos tempos, mate-me!
Ilariki gagueja, engolindo em seco o que pensou em dizer.
Ele se move mais rápido que antes. Ilariki bloqueia outro golpe de joelho com suas mãos, mas é acertado pelo punhal da espada em sua nuca.
— Não fique na defensiva, mate-me. — insiste Miruni.
— Não.
Ele vira a espada para a parte afiada, preparando-se para golpear. No momento que vai desferir o golpe com sua espada, ele fecha os olhos e os abre relutante. Eu vejo mais dos fios saindo dos seus olhos.
Eu olho ao redor, procurando a origem dos fios. E encontro, os fios aparecem e desaparecem durante a luta, mas sempre aparecem ligados com a mão do homem no cavalo. Alguns fios são cortados pelas pontas das flechas que Ilariki usava para tentar se defender, enquanto desvia da espada de Miruni.
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Renascer dos Lobos
FantasyLizzie é uma jovem comum, vivenciando os problemas do último ano do ensino médio, podendo contar sempre com suas amigas e com o seu avô. Ela só não tinha como prever que sua vida mudaria completamente com a descoberta de um novo mundo. Conflitos e p...