Capítulo 22 - Lizzie

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Hoje Faz quatro dias que Ikimari não voltou. De Certa forma, foi bom passar esse tempo com eles, conversando e nos conhecendo sem ter que correr algum perigo. Eu e Melinda voltamos para as aulas normais, o que foi ótimo, só falta esse ano, reprovar por falta está fora de cogitação. Miruni, Tibini e Ilariki passam o dia aprendendo coisas sobre o nosso mundo. Miruni ficou incrivelmente vidrado na televisão, não sabe a diferença entre os programas e a realidade. Ontem assistiu a um filme de ação, quase saia de casa querendo ajudar o personagem principal. Tibini tentou desmontar todos os móveis na casa de Melinda. Ilariki mostra um otimismo enorme ao ver uma simples pasta de dente e uma pantufa de dormir. É fofo quando ele presta atenção em minhas palavras, mesmo quando estou apenas explicando para ele como ligar a água quente.

É engraçado pensar que tenho essa mesma empolgação para conhecer o mundo deles. Sempre que fico lá, sinto algo diferente, como se pertencesse àquele mundo que nunca estive antes. Não são apenas as criaturas, mas o ambiente, o ar que toca meu rosto. Talvez, se meus pais estivessem vivos, eu moraria naquele mundo.

Todo dia me pergunto se Ilariki está confortável neste mundo. Não saímos para o mundo fora da casa de Melinda, mas não é o mundo dele. Eu não sou do mundo dele.

— Lizzie! — Melinda grita.

A bola vem em minha direção, não consigo desviar. Bate direto na minha testa. Eu cambaleio com o impacto, caindo para trás.

— Meu deus! — Cámelia corre em minha direção.

— Estou bem. — digo, entre risadas.

— O quê? — ela se contagia com minha risada.

— Lizzie, em que mundo você estava? — a treinadora pergunta.

— Desculpe.

— Tudo bem, volte ao jogo.

Nós ganhamos, não graças a minha ajuda. Só consegui dois passes e um chute vergonhoso que passou longe da trave.

— Acho que farei beisebol. — diz Melinda, sentando-se no banco ao nosso lado.

— Agora? Falta pouco para os fins das aulas.

— Sim, quero experimentar de tudo antes de acabar.

— Tudo bem. É admirável sua disposição — Cámelia passa os braços em volta de si. — Ah, falando nisso... Quem vocês pretendem chamar para a festa de conclusão?

— Teremos isso? — pergunto. — Não está cedo demais para pensar nisso?

— Claro que não. — ela puxa Vivian pelo braço. — Vivian e eu já sabemos como vamos nos vestir.

— Mas a temática já foi escolhida? — Melinda coloca a mão nos quadris.

— Não, mas escolhemos roupas que se encaixam em qualquer temática.

— Qualquer temática? Como assim?

— É surpresa.

Melinda fica boquiaberta, insatisfeita com a resposta dela.

— Vocês estarão acompanhadas, né? — elas finalmente chegam ao ponto que queriam.

— Não. — eu e Melinda falamos juntas.

— Temos que arrumar acompanhantes para vocês. Espera... Melinda e o Anthony?

— Ah, terminei com ele. — ela diz normalmente, sem pestanejar.

Eu não sabia, ela não me disse, nesses quatro dias não nos separamos um só minuto. Por que ela não me disse? Quando ela terminou com ele?

Eu a olho, mas tem algo diferente. Ela está voltando a fazer esportes, o batom vermelho voltou para sua boca. Fico aliviada, não conheço o Anthony, mas algo me diz que será melhor assim.

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