Capítulo 38 - Melinda

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Troco olhares com Tibini, ele abre espaços com seus longos dedos como uma serpente entre as areias até encostar em pequena pedra para agarrar, fechando todo seu punho envolta da pedra. Ele salta, empurrando o corpo para trás, dando uma cabeçada no caçador que estava atrás dele, usando a pedra para acertar a cabeça do homem à sua esquerda que estava atrás de mim.

— Corre! — grita ele.

Eu levanto, cambaleando, tomando postura e correndo para longe.

— Se você correr, ele morre. — o outro homem diz, segurando Tibini pelos cabelos, com a adaga apontada para a cabeça de Tibini, enquanto os outros se recompõem no chão.

Eu freio sem pensar duas vezes. Virando-me e voltando em direção deles. Nós não valemos nada, ele não perderia nada ao matar Tibini, não posso arriscar, mesmo se for apenas um blefe.

— Não. — diz Tibini, pedindo que eu vá.

O homem se irrita com a insistência dele, descendo a adaga até seu pescoço.

— Está tudo bem, eu estou voltando. — digo, temendo que ele faça algo.

Ele sorri, exibindo seus amarelos dentes, virando a parte afiada da adaga para a fina pele de Tibini.

— NÃO! — eu corro para impedir.

Um vulto salta atrás dele, puxando-o pelo pescoço. Escuto apenas o barulho de ossos quebrando. Os dois que foram nocauteados respondem com a movimentação, sacando suas armas. O vulto escondido dentro da escuridão da parte pouco iluminada da caverna vai surgindo com uma pata ensanguentada, com afiadas unhas; o sangue escorrendo entre os caninos brancos, mostrando todos os seus dentes afiados. É um lobo. Sinto a sensação de conforto e alegria. É o Miruni. Os homens avançam para atacá-lo, mas o lobo se defende, mordendo o braço de um, que solta a espada por causa da dor; o outra tenta atacar por trás, mas o lobo usa as garras da pata para ferir o peito do homem.

Os dois caem ao chão, e o lobo se aproxima de Tibini, receoso, sua cauda abaixada, balançando-a, mostrando preocupação, como um cachorro quando vê o dono em péssimas condições.

Tibini se vira, colocando a mão com as algemas para baixo. O lobo usa a pata, pisando no material com força até trincar.

Ele toma distância de Tibini, com os olhos fixados no rapaz. Quando chega até mim, coça o nariz com a pata, como um sinal para que eu fizesse o mesmo que Tibini. Abaixo-me como ele pede, fechando os olhos, só ouvindo o barulho de trinco quebrar.

— Obrigada. — massageio meu punho dolorido.

O lobo range. Consigo escutar o barulho de armaduras e murmurinhos se aproximando. São reforços. Miruni levanta a cabeça, colocando a pata traseira para trás, tomando impulso e enchendo o pulmão de ar para uivar.

Certamente, quem estava vindo na direção da caverna deve ter escutado. Os sussurros se transformam em gritos e sons de tilintar de espadas. Seguido de outro uivo. Desta vez veio lado de fora. Tibini usa a cabeça com seus pelos finos pinicando em minhas costas para chamar minha atenção, guiando-me para fora.

— E a Lizzie? — digo.

Ele usa o focinho para me empurrar.

— Eu não posso ir sem a Lizzie. — insisto.

Os gritos cessam e outro uivo toma conta do ambiente.

— Eu não posso ir sem a Lizzie, desculpem-me. — eu afasto seu focinho.

E corro em direção para onde Lizzie foi levada por Okubo.

Troco olhares com Tibini.

— Use meu cristal, Tibini. — eu tiro meu cristal do bolso e jogo para ele.

Renascer dos Lobos Onde histórias criam vida. Descubra agora