Tiro o mapa da bolsa para ver o caminho. Ele está apontando para algo dentro da ilha. O vento bate nos galhos das árvores, fazendo as folhas se moverem como em uma dança. Caminhamos por um bom tempo, mas estranho não ver nenhum animal ou som de pássaros. Olho para o chão, mas não vejo nenhum animal rasteiro, nem mesmo uma pequena formiga. Parece uma ilha deserta.
— Estão sentindo isso? — diz Miruni.
— É sangue. — completa Ilariki.
Os dois seguem até o cheiro. Ilariki corta os arbustos com sua espada, abrindo caminho para nós. Ficamos boquiabertos com a visão que encontramos no meio da lha; um lago de sangue com animais boiando, mortos e cobertos por sangue. Muitos com apenas metade do corpo. O vermelho vivo e o odor de morte faz meus olhos e meu nariz arderem. Eu tampo o nariz, mas o cheiro é tão forte que penetra no ar. Olho para Ilariki, o cheiro também o incomoda. Olho para o mapa, não pode ser coincidência. Tem algo aqui. Quando baixo meus olhos para o mapa, vejo que estamos no ponto certo, a luz aponta para o lago.
— Está lá. — digo.
— Dentro? — Tibini mostra estar enjoado.
— É um cristal, não é? — pergunta Melinda. — Que estamos procurando?
— Pode ser. — diz Ilariki.
— Tem um, no olho daquele veado. — ela aponta.
— Onde?
Eu sempre me surpreendo com a capacidade de observação de Melinda. Ela sempre consegue distinguir a menor mudança em qualquer visual. Ela sabe que tem bons olhos, e exibe isso, os livros com os jogos de 7 erros são sua brincadeira favorita.
— Acharam? — ela pergunta. — Sério? Visão de lobo e nada?
Ikimari se aproxima dela, ficando atrás de onde ela está; curvando-se um pouco para ver por cima do ombro dela. Ele deve ter ficado ofendido.
— Vamos ter que entrar. — ele diz.
— Você achou? — ela pergunta.
— Sim.
Ele desabotoa seu manto, jogando-o para Melinda, e entra no lago.
— Ikimari! — Ilariki o chama.
— Não venha.
Ele caminha, afastando os corpos pelo caminho, com a cabeça levantada e seu nariz torcido. Ele chega até um dos veados, usando a garra para tirar o cristal no olho esquerdo do animal. Um cristal redondo e preto como carvão.
Um ruído surge de dentro do lago. Os animais afundam um por um. Ikimari vê a movimentação e avança para sair de lá, mas, é puxado para trás por uma forte correnteza. Todo o sangue parece estar sendo sugado para o fundo, formando um redemoinho de sangue. Ikimari é coberto pelo sangue, lutando para ficar na superfície. Ilariki prepara para saltar, mas é parado por Miruni que aponta para o chão.
Uma escada toma forma com o sangue esvaziando-se do lago. Abrindo um buraco fundo por onde o sangue desce por completo. Descemos a escada. Ilariki desce correndo em busca do irmão. Quanto mais fundo descemos, mas o caminho passa a ser iluminado por cristais pelas paredes.
Ikimari surge; coberto de sangue dos pés a cabeça. Posso ouvir seus dentes trincando com a raiva, enquanto ele tira o sangue do rosto e dos braços.
— Eu não sei quem está aqui, mas espero que valha a pena. — ele diz.
Melinda não segura uma curta risada.
Seguimos o caminho dos cristais até encontrar um dos prisioneiros ao redor de uma sala rochosa. As rochas se misturam com cristais azuis que parecem raízes saindo de um enorme cristal no centro da caverna. Água pinga do teto, escorrendo entre as dobras afiadas do grande cristal, fazendo ondas até ser absorvido pela terra úmida em que o cristal está.
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Renascer dos Lobos
FantasyLizzie é uma jovem comum, vivenciando os problemas do último ano do ensino médio, podendo contar sempre com suas amigas e com o seu avô. Ela só não tinha como prever que sua vida mudaria completamente com a descoberta de um novo mundo. Conflitos e p...