Capítulo 11 - Melinda

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Não consigo parar de sorrir ao ver a relação de Lizzie com o seu avô. Ele emburrado por ela não deixar que ele cozinhe depois da ocasião que ele colocou fogo na cortina de girassol que tinha na cozinha. Ele cruza os braços e bate os pés, fazendo um bico emburrado exatamente como uma criança que tem um pedido negado pela mãe.

Lembro-me dos dias com meu avô, antes dele sucumbir com a doença. Meu avô sempre quis uma neta ou neto para passar as aprendizagens, que ele chamava carinhosamente de legado da família. Minha mãe não deixava, falava que não eram coisas para uma menina fazer, mas, quando perdi meus pais no acidente, e passei a morar com os meus avós. Ele me ensinou tudo que minha mãe não permitia, me ensinou a caçar, jogar beisebol, futebol, natação, arco e flecha. Ele me ensinou de tudo um pouco. Dizia que era para compensar minha criação sem pais. Não sabia o que meus pais gostariam de me ensinar, então ele me ensinou tudo que podia. Eu o via aprendendo coisas no YouTube e me ensinando no dia seguinte como se tivesse feito curso sobre aquilo. Acampávamos com minha avó. Toda vez ele chamava de treinamento de escoteiro, não temos isso na cidade, mas ele via nos filmes e gostava de fazer comigo. Ensinou-me tudo que sei. E a minha avó, ela me ensinou tudo que ele não sabia e muito mais. Minha avó me ensinou o amor e como devemos vivê-lo da forma mais genuína: com amigos, com a família, com sua paixão.

Eu deixo a tristeza estampar minha face.

— Melinda. — Liz me chama.

— Oi. — falo, desligando a televisão e indo para a cozinha. — Vai aceitar minha ajuda?

— Não — ela bate na minha mão com o pano quando chego perto da panela de macarrão. — Você é convidada.

— Na verdade... fui eu que me convidei.

— Não faz diferença. Só se sente e delicie-se com meu macarrão com queijo.

— Posso ao menos ajudar colocando a mesa?

Ela concorda, provando um pouco da massa para ver se está no ponto.

Eu coloco os talheres e os pratos na mesa.

— Você está usando o perfume novo? — pergunto percebendo o doce cheiro ao passar por ela na cozinha.

— Sim.

— Não me diga... Que você se encontrou com ele hoje?

— O quê? — ela esconde o rosto entre seus fios. — Nada a ver. — ela coloca o macarrão em uma travessa de vidro.

— Foi por isso que saiu correndo do shopping?

— Não imagine coisas. Toma! — ela larga a travessa de macarrão na minha mão. Ela se aborrece fácil quando o assunto é esse rapaz.

Sr. Jhon se se senta à mesa, esfregando sua mão uma na outra e colocando o guardanapo de tecido em sua blusa.

Lizzie chega com uma jarra de suco, colocando na mesa e sentando-se em seguida.

Seu avô repete o prato, sacudindo a cabeça quando Lizzie pergunta pela terceira vez se está bom.

Um sorriso permanece em meu rosto durante a noite toda. Toda aquela troca de olhares familiar. Os suspiros e as risadas abafadas pela boca cheia de macarrão. Meus ombros se erguem de satisfação ao presenciar algo tão bonito.

Paramos para assistir um filme romântico, comendo pipoca e o resto do suco.

Não entendo muito bem o filme, a personagem principal apaixonou-se por um ser de um mundo diferente do dela, deparando-se com dúvida entre os dois mundo e duas vidas.

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