Capítulo 50 - Ilariki

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A cavalaria de Kato forma uma posição de ataque, exibindo suas escamas e lanças afiadas. Seus escudos reluzem com a luz do sol que bate nos brilhos dourados de suas armaduras. Os ventos refrescam nossas peles, movimentando os ares e agitando os corações que transbordam coragem.

— Vamos mostrar porque as criaturas marinhas são conhecidas pela força. — grita Kato, chegando com seu cavalo perto dos seus homens. — Passamos por muitas coisas esses últimos anos, mas mesmo com os anos em que eu fiquei preso, vocês se mantiveram fiéis a mim, então, eu peço, que mais uma vez mantenham-se fiéis, não a mim, mas à quem são. É por isso que estamos batalhando hoje. Vamos mostrar quem somos e lutar para que possamos ser.

Gritos eufóricos ecoam entre os ventos, espalhando as palavras de animação. Batendo as lanças nos escudos, eles avisam que estão prontos. Okubo em nenhum momento tirou de seu rosto um sorriso pequeno. A criatura pisa no chão como se estivesse sentindo a grama pinicar em seus pés descalços. E que pés. Certamente, é morte certa ser pisado por esses pés. As criaturas aladas formam um exército atrás de Okubo. Impacientes, batendo a cabeça uma nas outras, com as asas cortando o vento para pairar em cima do homem que as comandam. Okubo ergue sua mão esquerda com as garras afiadas e seu sorriso cínico estampado entre suas bochechas finas, dando o sinal para que as criaturas ataquem. Kato fez o mesmo, batendo sua lança no escudo e ordenando em um só grito:

— Ataquem!

Não deu tempo de me mover, os vultos do exército de Kato passam por mim em uma frenética agitação. Mas algo me incomoda, é como se ele tivesse deixado de ser capturado, ele não seria louco de ir até à prisão sem pensar na possibilidade de ser uma armadilha, não, ele é mais inteligente que isso.

Ikimari bate em meu ombro, avisando que já está na hora de agirmos. Olho para Miruni, que mostra suas presas e garras para sinalizar que está pronto. Ele uiva e corre em direção à criatura do experimento, transformando-se em lobo e mordendo com seus dentes o braço da criatura que varria os cavalos do chão. Vinny e Kato descem do cavalo, preparados para seguir com sua parte do plano ao serem avisados por Miruni. Vinny sobe pelo braço da criatura, mas é forçado a descer para se esquivar das garras de urso que o acertariam. Ikimari usa sua espada para arrancar as asas das criaturas aladas que tentam se aproximar.

Com um uivo, Okubo mostra sua localidade para nós, suas patas rastejando no chão, abrindo espaço no meio da batalha. Ele vem correndo em nossa direção. Ikimari joga a espada para o lado, transformando-se em lobo e indo de encontro à Okubo.

Suas garras acertam o pescoço dele, mas Okubo também consegue mordê-lo em sua pata traseira. Eu tento acertar as criaturas aladas que se aproximam para proteger Okubo. Escutando os estalos de ossos quebrando ao puxar as asas delas. Ainda não tenho controle da minha nova força, sinto como se estivesse rasgando finas folhas de papéis.

Ikimari lança Okubo para longe com seus pés, eu aproveito para pegar a espada que ele largou no chão para feri-lo. Levanto a lâmina com a poeira do chão, levando o corte em direção de Okubo caído no meio do campo de batalha. Ele usa os dentes para parar a lâmina. Ikimari surge atrás de mim, com as mandíbulas preparadas para o bote, ele morde as costas de Okubo, jogando-o para longe.

As criaturas aladas se irritam ao vê-lo ferido, avançando em nossa direção. Sou forçado com o impacto de dez criaturas a cair no chão. Eles enfiam suas garras em meu punho como agulhas afiadas para me impossibilitar de levantar. Olho para o lado, Ikimari luta contra outra horda de criaturas que o rodeiam como se fossem abutres atrás de carniça. Okubo surge em forma humana, com as mãos em seu tórax sangrando com a mordida de Ikimari. A túnica que ele improvisou para se vestir já estava manchada de sangue. Quando a mordida cicatriza, ele limpa a mão na roupa de um dos homens feridos deitados no local e pega sua espada. Eu luto para me soltar, mas a cada movimento que dou, as garras das criaturas penetram mais em meu corpo.

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