Capítulo 15 - Ilariki

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Sinto uma mão calorosa em meus cabelos. Sua carícia é leve, se permanecer ali, acabará fazendo-me adormecer novamente com seus toques. Não preciso abrir os olhos para saber quem é. Seu cheiro doce é único.

Abro os olhos, eu estou em seu colo. Ela olha para o céu, enquanto suas mãos passeiam em minha cabeça, fazendo círculos em meu cabelo com seus dedos.

Ela parece preocupada. Nas outras vezes que olhou para o céu, seus olhos brilhavam reluzentes.

Fico ali, imóvel, olhando para ela. Ela abaixa a cabeça, derramando seus olhos castanhos em mim. Os fios de seu cabelo caem em meu rosto.

— Oi, Lizzie. — digo

Seu rosto se transforma. Ela sorri e me abraça fortemente. Fico surpreso de início, mas eu retribuo o abraço.

Deixei-a preocupada.

— Finalmente. — Miruni me oferece um prato de sopa. — Foi o Tibini que fez.

— Obrigado.

— Pode ir comer agora, Lizzie. Ele sabe comer sozinho.

Ela ruboriza, e vai até onde Melinda e Tibini estão sentados, ao redor de uma panela de metal maior que os caixotes do convés. Tibini mexe a panela e coloca uma concha da sopa em um recipiente de barro para Lizzie comer.

— O que aconteceu? — pergunto.

Miruni me explica tudo, desde o momento que eu desmaiei.

— Vocês passaram por muita coisa. Desculpe, acabei não sendo útil.

— Isso é verdade. — Ikimari fala.

Meu irmão está atrás de um caixote grande. Ele senta, mostrando apenas uma parte do seu rosto atrás do caixote, levantando seus olhos em nossa direção.

— Mas elas foram. — eu aproveito o momento, apontando para os três.

Ele me dá um olhar asco, e volta a se deitar.

— Você ainda tenta? — pergunta Miruni.

— Eu sei que ainda tem um pouco do meu irmão ali. Acha que nossa relação seria diferente se... — eu toco em meu pescoço

— Talvez você seria uma pessoa diferente. — ele diz. — Não dizem que o amor muda a gente.

— E você já amou Miruni?

— Um humano trairá? — ele toca na ferida propositalmente, transformando seus lábios em um sorriso debochado.

— Vocês não vão esquecer isso nunca?

— Impossível, a sua má sorte para o amor é inexplicável até para os deuses.

— Ao menos eu amei.

Ele mexe com os dedos nas mechas da frente de seu cacho.

— Isso era para me tocar? Amar alguém e ser amaldiçoado por esse amor. Não me parece amor.

Eu fico em silêncio.

— Tem razão, não era amor. Mas sei que sentimento buscar.

— Usando as palavras do seu irmão... patético.

— Mas foi esse amor que senti que me fez confiar no Philips, ficar mais próximo dos humanos e abrir meu coração de uma forma diferente para eles, diferente do meu irmão. Se eu não tivesse sentido aquilo por ela, eu seria diferente.

Ele abre a boca para falar, mas desisti.

— Eu amei também. — ele diz, segurando a tigela com firmeza. — Humanos.

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