Sinto uma mão calorosa em meus cabelos. Sua carícia é leve, se permanecer ali, acabará fazendo-me adormecer novamente com seus toques. Não preciso abrir os olhos para saber quem é. Seu cheiro doce é único.
Abro os olhos, eu estou em seu colo. Ela olha para o céu, enquanto suas mãos passeiam em minha cabeça, fazendo círculos em meu cabelo com seus dedos.
Ela parece preocupada. Nas outras vezes que olhou para o céu, seus olhos brilhavam reluzentes.
Fico ali, imóvel, olhando para ela. Ela abaixa a cabeça, derramando seus olhos castanhos em mim. Os fios de seu cabelo caem em meu rosto.
— Oi, Lizzie. — digo
Seu rosto se transforma. Ela sorri e me abraça fortemente. Fico surpreso de início, mas eu retribuo o abraço.
Deixei-a preocupada.
— Finalmente. — Miruni me oferece um prato de sopa. — Foi o Tibini que fez.
— Obrigado.
— Pode ir comer agora, Lizzie. Ele sabe comer sozinho.
Ela ruboriza, e vai até onde Melinda e Tibini estão sentados, ao redor de uma panela de metal maior que os caixotes do convés. Tibini mexe a panela e coloca uma concha da sopa em um recipiente de barro para Lizzie comer.
— O que aconteceu? — pergunto.
Miruni me explica tudo, desde o momento que eu desmaiei.
— Vocês passaram por muita coisa. Desculpe, acabei não sendo útil.
— Isso é verdade. — Ikimari fala.
Meu irmão está atrás de um caixote grande. Ele senta, mostrando apenas uma parte do seu rosto atrás do caixote, levantando seus olhos em nossa direção.
— Mas elas foram. — eu aproveito o momento, apontando para os três.
Ele me dá um olhar asco, e volta a se deitar.
— Você ainda tenta? — pergunta Miruni.
— Eu sei que ainda tem um pouco do meu irmão ali. Acha que nossa relação seria diferente se... — eu toco em meu pescoço
— Talvez você seria uma pessoa diferente. — ele diz. — Não dizem que o amor muda a gente.
— E você já amou Miruni?
— Um humano trairá? — ele toca na ferida propositalmente, transformando seus lábios em um sorriso debochado.
— Vocês não vão esquecer isso nunca?
— Impossível, a sua má sorte para o amor é inexplicável até para os deuses.
— Ao menos eu amei.
Ele mexe com os dedos nas mechas da frente de seu cacho.
— Isso era para me tocar? Amar alguém e ser amaldiçoado por esse amor. Não me parece amor.
Eu fico em silêncio.
— Tem razão, não era amor. Mas sei que sentimento buscar.
— Usando as palavras do seu irmão... patético.
— Mas foi esse amor que senti que me fez confiar no Philips, ficar mais próximo dos humanos e abrir meu coração de uma forma diferente para eles, diferente do meu irmão. Se eu não tivesse sentido aquilo por ela, eu seria diferente.
Ele abre a boca para falar, mas desisti.
— Eu amei também. — ele diz, segurando a tigela com firmeza. — Humanos.
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Renascer dos Lobos
FantasyLizzie é uma jovem comum, vivenciando os problemas do último ano do ensino médio, podendo contar sempre com suas amigas e com o seu avô. Ela só não tinha como prever que sua vida mudaria completamente com a descoberta de um novo mundo. Conflitos e p...