Capítulo 31 - Melinda

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Andando por um bom tempo. Até o entardecer alaranjado no céu cobrir nossas cabeças. Olho para trás, não vi quando Ikimari se juntou a nós, mas ele está nos acompanhando de uma curta distância. Com a mão nos bolsos, metade dos seus braços ficam cobertos pela sua capa.

— Que tenha uma porta. — Tibini sussurra baixinho ao meu lado.

Eu sorrio. Um vento frio cobre os ares de repente. Tibini passa a palma da mão para aquecer a ponta redonda do seu nariz. Eu tiro meu casaco da minha bolsa e o ofereço.

— Obrigado, mas pode ficar, ficou frio de repente. — ele diz, empurrando minha mão para perto de mim.

— Tudo bem, pode ficar. Não estou com tanto frio.

Eu o cubro, colocando o casaco em cima de seu ombro, ele aceita o casaco, mesmo abrindo os lábios para contestar, mas outro vento frio faz nossos lábios tremerem.

— Está tudo bem? — Ilariki pergunta para Lizzie.

Levanto a cabeça, olhando para a direção deles. Lizzie está tremendo da mesma forma que nós. Mas não posso dizer o mesmo de Ilariki e Miruni.

— Não estão com frio? — pergunta ela, esfregando sua mão em seus braços cruzados para aquecer.

— Não. — os dois respondem.

Miruni olha para Tibini, vendo que ele está na mesma situação. Quanto mais nos aproximamos mais sentimos o efeito do frio em nossa pele. Cada vento é cortante em meu corpo.

— Vamos voltar. — avisa Ilariki. — Isso não é normal.

— É um cristal? — pergunta Miruni.

— É um feitiço de proteção. — Ikimari responde. — Parece só afetar humanos. Quanto mais eles se aproximarem, mais forte ficará. Congelaram até a morte. Precisamos nos apressar e parar o feitiço, já foram contaminados pelo ar, não tem outro jeito além de parar quem lançou o feitiço.

— Deve estar perto. — Miruni concorda com ele.

Ilariki segura nos braços de Lizzie, guiando-a para longe.

— Mas... — ela protesta. — Estamos tão perto.

— Nós continuamos. — Miruni ajuda Tibini a sentar. — Vocês ficam aqui.

Tibni levanta em discordância, mas o vento frio faz suas pernas balançarem. Dessa vez, também me pega de jeito. Sinto o frio em minhas mãos e pernas, perfurando como finas agulhas. Meus lábios ressecam. Eu sento no tronco ao lado deles.

Nem mesmo Lizzie protesta, parece não ter forças para isso. Apenas aponta o local para Ilariki, ensinando o caminho que teriam que seguir. Os três seguem pelo caminho, tomando distância de nós.

Mas isso está muito estranho. Que tipo de feitiço é esse? Se Ikimari explicasse as coisas isso não aconteceria. Eu bufo, mas o frio não me permite protestar mais.

As árvores não parecem afetadas pelo frio. As folhas estão verdes e balançam ao vento sem ressecamento ou raízes congeladas. Até mesmo a terra está normal. Posso sentir o calor da terra passando meus dedos na areia.

Tibini inicia uma crise de espirro. Tão forte que o faz cair para trás em cada espirro. Eu o seguro. Minhas mãos estão duras como gelo. Encosto sua cabeça na árvore. Cobrindo ele com o meu casaco.

— Calma! — o vapor gélido sai de minha boca ao falar.

— Meu...nariz... — ele fala com dificuldade. — Está doendo.

— Deve ser o frio.

Eu uso a manga do casaco para cobrir o seu nariz. Está estranhamente esverdeado. Toco no nariz dele. Não está congelado. Levanto sua cabeça, fazendo-a cair para trás. Olho para o papo abaixo do seu queixo. Está gelado. Mas o seu nariz está quente. Pego Lizzie por trás, abaixando a cabeça dela. Ela mal consegue abrir os olhos. Tento falar, mas minha boca não responde. Ela está com a ponta arqueada do seu nariz côncavo com a mesma coloração que o nariz de Tibini.

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