Capítulo 29 - Lizzie

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Ilariki anda de um lado para o outro. Formaria um círculo na terra de tão impaciente. Roendo seus dentes e dedos, parece estar serrando madeiras para fazer fogo.

— Calma, Ilariki! — Miruni senta na cadeira de madeira feita por Tibini e cruza as pernas. — Ele está bem.

— Como tem certeza? — Ilariki não para um segundo de andar.

— Bem... porque é o seu irmão. — ele gesticula como se estivesse glorificando para o alto.

— Não ajudou. Só me fez lembrar que ele é o meu irmão e eu o abandonei.

— Tecnicamente. — Tibini bebe um gole do seu chá, seus fios longos e intrometidos o atrapalham cada vez que ele encosta os lábios na xícara. — Você não abandonou, foi um pedido dele.

— Exatamente. — Miruni deu um tapa no ombro de Tibini que está sentado na cama ao lado da cadeira.

Eles estão tentando ajudar, isso é fofo, mas não parece adiantar. Ilariki coloca a mão no bolso para pegar o cristal de Ikimari.

— Eu vou voltar! — ele anuncia.

Abri a boca para protestar, mas não tenho esse direito, também iria sem pestanejar se estivesse em seu lugar. Meu coração ficaria apertado de preocupação, mas não posso fazer nada além de torcer que ele volte.

— Tome cuidado. — eu levanto, indo em sua direção.

Deposito um beijo leve em sua bochecha.

— Obrigado. — ele se prepara para quebrar o cristal.

— Espera! — Miruni protesta, torcendo seu nariz de um lado para o outro. — Sente esse cheiro? É da Melinda.

Melinda?

Saímos correndo da casa. Ikimari caminha calmamente em nossa direção como se nada tivesse acontecido. Olho para trás dele e vejo Melinda, que parece a Samara de "O chamado" saindo do lago, encharcada, abrindo caminho com os pés com a mesma raiva que demonstra em seu rosto.

— POR QUÊ? — ela grita. — POR QUE EU SEMPRE CAIO NO LAGO!?

— Melinda! — eu volto para cassa, pego uma das toalhas e corro em sua direção.

— Obrigada. — ela se cobre com a toalha.

Ikimari se senta na varanda. Sua blusa está coberta de sangue, com um buraco debaixo do peito. Ele coloca sua capa pendurada na cerca que divide a casa da varanda.

— O que vocês fazem aqui? — ele não parece feliz.

— Como assim? — Miruni põe o pé esquerdo na varanda, apoiando sua mão. — Por acaso está nos expulsando?

— Pare de drama. — ele chuta o pé do amigo, desequilibrando-o para o lado. — Enfrentamos um Follon pela nova casa e vocês continuam aqui?

— Ah, é isso. — Miruni senta ao seu lado. — É porque estávamos preocupados com a sua morte eminente, digo... eles, eu estava planejando o enterro.

Nunca parei para olhar a amizade entre Miruni e Ikimari, ele é assim com Ilariki e Tibini, mas também não se contém com o Ikimari. Eles têm um passado de amizade, não é de se estranhar. Até mesmo o Ikimari, sorri debochado com a provocação dele. Parece como uma reação comum entre amigos de longa data.

— Ikimari. — Ilariki corre de braços abertos.

— O que está fazendo? Saia. — Ikimari se contorce para fugir do abraço do irmão.

O brilho volta ao olhar de Ilariki, é possível perceber o quanto ele estava preocupado.

— Finalmente. — Miruni se enrosca entre eles, que atrapalham a passagem para a porta, chutando a porta com o pé para abrir e entrar na casa. — Vamos sair daqui.

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