Capítulo 21 - Ilariki

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Ela me beijou.

Aquilo não me surpreendeu mais do que a sua reação ao afastar sua cabeça, desviando o olhar. Suas mãos tremem. Eu inclino minha cabeça, tentando olhá-la, mas ela continua evitando me olhar.

Está arrependida?

Sua bochecha fica da cor de um tomate.

— Eu... — ela fica sem palavras.

Mas, a sua reação não foi mais estranha que a minha. Não estou mais no controle das minhas ações. Seguro seu rosto, deixando seu rosto em frente ao meu, inclino sua cabeça, deslizo meus olhos até sua boca e a beijo novamente. Faço minhas unhas encolherem, entrelaçando minha mão em seu cabelo. A sua boca é tão leve. Minha mão desaparece em seus fios. Sinto o cheiro doce do seu perfume, misturando-se com a sensação do doce gosto da sua boca. Ela põe a mão em minha orelha, levando-a seus dedos para trás da minha cabeça. Dura só alguns instantes, mas esqueço de tudo, minha única memória é o gosto da sua boca.

— AH! — Melinda grita.

O susto nos afastou. Ela foi a primeira a se levantar e correr para socorrer sua amiga. Melinda está parada em frente à cozinha, armada com uma panela redonda, pronta para atacar. Olho para direção que ela aponta.

— Miruni! — Lizzie anuncia.

Miruni aparece mal posicionado no assento do sofá e Tibini caído na sala com as mãos nas costas para se recompor.

— Precisamos arrumar outra forma de transporte. — diz Tibini.

— Desculpe! Eu gritei quando vi a luz e os cristais, antes de ver quem era. — Melinda abaixa a panela, colocando o objeto na mesa.

— O que fazem aqui? — pergunto.

— Ikimari voltou, mas não quis nos contar nada, saiu dizendo que perdeu a espada em uma batalha.

— Ficamos preocupados. — Tibini completa a fala de Miruni.

Eu conto tudo que aconteceu. Miruni apoia o braço esquerdo no joelho dobrado. Tibini morde os lábios, esquentando os miolos para acompanhar.

— E o Okubo apareceu. — Melinda acrescenta em minha história.

— É, eu já estava desacordado quando isso aconteceu.

— Não acredito que chegaram ao outro mundo. — Miruni não parece contente. — Vocês estão bem, meninas?

— Sim. — elas respondem.

Eu troco olhares com Lizzie, mas tentamos disfarçar de imediato.

— O Ikimari disse que vai demorar a conseguir uma espada nova.

— Três dias, foi o que ele disse. — Melinda oferece água para eles.

— O que faremos? Esperamos? — Ikimari bebe um gole da água, pegando no copo de vidro com cuidado para não quebrar.

— É o melhor a se fazer. Acho... que ficarei aqui nesses três dias. — digo. — Podem tentar outro ataque.

— Então também ficaremos. — Tibini fala pelos dois.

— Sim. — Miruni concorda.

— Claro, se pudermos ficar nesta casa. — Tibini olha admirado para os móveis.

Eu entendo, os móveis humanos são de uma estranheza única.

— Claro que podem. — Melinda pula, abraçando-os pelo pescoço. — Podem ficar aqui. Você também, Liz, pode ficar aqui até tudo se resolver, assim não envolve o seu avô.

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