Capítulo 19 - Melinda

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Não parei para pensar no caminho até o shopping. Em como as pessoas lidariam com ele caminhando como viesse da era medieval. Ele nota os olhares das pessoas, mas não se incomoda. É diferente dos olhares que eles recebem no outro mundo, mas ainda são inconvenientes.

— Pensam que está com fantasia. — tento explicar.

— Fantasia? — pergunta ele.

— Sim, uma roupa para festas específicas.

— É diferente. — ele olha ao redor. — Dos olhares que recebo no outro mundo.

Quando fui para o outro mundo, notei os olhares que lançavam para eles, pensei que fosse coisa da minha cabeça, mas quanto mais ouvi sobre a história do lugar e sobre Okubo, mais passei a entender que não é coisa da minha cabeça. Não sei como deve ser viver em um mundo que não te aceita como é. Eu estendo minha mão para tocá-lo e falar algo bonito, como as mensagens reconfortantes que vemos na internet. Mas não é isso que ele precisa.

— Estamos chegando?

— Sim, o shopping é para lá. — digo, apontando para os prédios seguidos um ao lado do outro, com letreiros enormes de cores vibrantes anunciando a promoção do dia.

Chegamos à parte atrás do shopping, o local ainda está em construção, com andaimes e escadas de incêndio incompletas, há dois prédios de concreto que se ligam um no outro por rampas incompletas. Mas é para cá que a luz apontava.

Olho para o outro lado do prédio, Ilariki está com Lizzie, eles olham para cima, perplexos. Olho na mesma direção, vendo uma das criaturas aladas que enfrentamos no navio sobrevoando o céu em nossas cabeças. No chão está um homem com dois metros de altura, segurando um machado dourado como se fosse uma folha de árvore. Ele corre e lança o machado em Ilariki, que bloqueia com sua espada e chuta o homem com o pé. Corremos para a direção da luta. Os olhos de Ilariki brilham em um amarelo fogo, suas garras prontas para perfurar a garganta do homem. Ikimari aumenta sua velocidade, chegando à luta primeiro que meus passos pequenos permitem.

O homem se assusta com a aproximação pelo lado oposto de outra pessoa na luta; ele se abaixa, contando com a sorte para desviar do golpe de Ikimari, que com sua espada corta os fios do cabelo branco do homem. O homem range os dentes, mostrando-se irritado com a queda de seus cabelos, esperando os fios caírem em na palma da sua mão como se fossem flocos de neve no inverno.

— Ora, seu... — ele olha furioso para Ikimari.

Ilariki não espera, empunha sua espada e avançou contra o homem. Ele bloqueia o primeiro golpe e levanta seu machado para um contra golpe, Ilariki não permite o movimento, segurando o machado do homem com a mão e despejando uma cabeçada no homem, fazendo-o titubear para trás, deixando seu machado no chão.

Ikimari parte para cima do homem com a espada apontada em sua direção, mas o homem corre para longe da batalha.

— Não disseram que seriam dois. — ele fala e pega um cristal em seu bolso, soltando no chão.

Ele foge, entre os pedaços do cristal dissipados no ar.

A criatura permaneceu imóvel, sobrevoando-nos. Parece analisar cada passo da batalha. Noto algo estranho, os olhos da criatura diferem das outras, tinham uma coloração mais comum, assemelhando-se a olhos humanos. Um olhar caído banhado em um azul-claro. A criatura morde os lábios, enfurecida. Ela parece racional, diferente das outras, parece saber o que aconteceu na batalha, então está contente com isso.

— Tem algo estranho. — eu falo.

A criatura enfia a mão em seus pelos do braço e tira um pequeno cristal rosado, como uma bola de tênis, não é como os outros, o cristal possui um desenho preto com correntes que circulam o objeto.

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