Ao nascer do sol, eu ajudo as meninas a guardar as coisas do piquenique. Recebo um beijo suave na bochecha de Vivian e Camélia antes de partirem. Marcamos de encontrá-las no aeroporto para uma despedida no dia da viagem. Vivian deixa transparecer o cansaço com os olhos caídos e pequenos, fazendo Camélia guiá-la, segurando-a pelo braço até o táxi. Elas acenam do outro lado do vidro, soltando beijos incontrolavelmente com a palma da mão.
— Você quer ir dormir lá em casa? — pergunto para Melinda.
— Não, obrigada. Vou tomar um banho e visitar minha avó. — ela olha no relógio. — Vou descansar um pouco e ir.
— Ótimo, também gostaria de visitá-la, passe lá em casa antes de ir.
— Perfeito.
Ela me abraça calorosamente. Andamos juntas até a parada do ônibus, que é onde nos separamos por pegar ônibus diferentes. Chego em casa, entro como se estivesse pisando em ovos para não acordar o vovô. Tiro os sapatos na entrada para não fazer muito barulho e vou caminhando em passos de formiga até a sala. Deparando-me com o meu avô, segurando um balde de pipoca entre as pernas, com uma lata de refrigerante na mão esquerda. Olho em direção da televisão.
— O senhor passou a noite toda assistindo série?
Ele balança a cabeça concordando, enquanto suga um pouco do refrigerante pelo canudo metálico.
— T-tudo bem... — eu pego os sapatos de volta. — Vá dormir, vovó.
Ele gesticula, pedindo para eu espere um pouco, deslizando o indicador no ar para apontar freneticamente para televisão na cena que um personagem está caindo de um penhasco.
— Ok...
Eu subo para me trocar. Minhas costas doem. Meu deus, deve ser a idade. Entro no banheiro principal, sentindo minha energia sendo recuperada com a água escorrendo pelo meu corpo. Deixo um sorriso bobo surgir em meus lábios ao lembrar do beijo de Ilariki. Foi indiretamente, mas ele meio que disse me amar. Lembro do toque dele em meu queixo e me desmancho com a água. Cubro-me com a toalha e subo para o meu quarto. Trancando a porta para me trocar.
Encontro Ilariki dormindo encostado em minha cama. Com a cabeça despencada para frente e sua espada em seus pés. Eu me aproximo dele, cutucando-o na bochecha. Ele acorda assustado, caindo para o lado.
— Desculpa... eu não queria te acordar. — eu solto uma curta risada.
Ele massageia a cabeça que levou a pancada no chão, olhando-me enquanto aperta o seu ombro. Desviando os seus olhos pretos, evitando me olhar. Eu fico sem entender, até que me lembro do fato de estar só de toalha. Eu olho para o lado, sentindo o rubor tomar meu rosto.
— Você... — ele pigarreia. — Eu falei para o seu avô que iria te esperar aqui no seu quarto.
— Ele não me avisou.
— Tudo bem, eu posso voltar depois. Você deve estar cansada.
Ele pega a espada e levanta.
— Espera. — eu seguro na bainha de sua espada.
Nunca estive tão íntima de alguém assim. Mal comando meu corpo ao levantar, aproximando-me dele e o beijando. Sigo apenas o que o meu coração pede. Ele bota a mão suavemente no meu rosto, correspondendo o meu beijo. Sinto sua mão atrás da minha orelha, descendo-a pelo meu pescoço como ondas em minha pele. Envolvo meus braços em seu pescoço. Seu toque é como uma recarga de bateria, seu beijo me faz esquecer do mundo ao redor. Não sinto mais nada, além do seu amor.
Acordo, ainda consigo sentir o cheiro de Ilariki no lençol. Ele não me acordou ao sair. Fico rolando na cama de um lado para o outro.
— Lizzie! — A voz de Melinda me chama. Parece vir do lado de fora.
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Renascer dos Lobos
FantasyLizzie é uma jovem comum, vivenciando os problemas do último ano do ensino médio, podendo contar sempre com suas amigas e com o seu avô. Ela só não tinha como prever que sua vida mudaria completamente com a descoberta de um novo mundo. Conflitos e p...