Capítulo 20 - Lizzie

480 89 411
                                    

Ele dorme durante a tarde toda. Não vejo nenhum ferimento grave, os cortes feitos pela forma que foi arrastado já estão cicatrizados. Nunca pensei que ficaria tão feliz em ver essa estranha, porém rápida, cicatrização. Molho o pano com a água morna que pedi para Melinda e coloco em sua testa.

— Ele vai ficar bem. — falo baixinho para aliviar meu coração, que está estranhamente acelerado vendo ele nesta condição.

Eu não podia deixar passar mais, Miruni disse que é algo que ele precisa me dizer, mas não estou mais aguentando, foi a segunda fez que ele ficou naquele estado por causa dessa maldição. E agora, uma Aurora surgiu ajudando Okubo. Preciso saber e o Ikimari pode me responder.

— Ikimari. — eu o chamo, tomando coragem para falar. — O que é essa maldição? Por quê? Quem é aquela moça?

Eu jogo todas as perguntas de uma vez, não quero mais vê-lo daquele jeito. Preciso saber! Entender e ajudar da forma que puder.

— Ele não lhe contou? — ele parece surpreso, arqueando sua sobrancelha.

— Não.

Ele fica em silêncio, analisando-me com seus olhos, não sei se me concentro no brilho azul ou amarelo em seu olhar.

— Foi uma humana. — ele começa a explicar. — Aquela moça que vimos ao lado de Okubo. O nome dele é Aurora. Ela era uma humana. Eles eram... como vocês humanos falam?

Ele começa a pensar, procurando a palavra, com a cabeça levantando, olhando para o teto.

— Namorados. — ele ergue o queixo. — Até ela o amaldiçoar, é claro.

— Namorados? — não sei por que repeti a palavra, queria ter certeza que escutei certo.

— Sim, é claro que ele não vai dizer que ela o amaldiçoou, já que foi uma escolha dele, mas é dessa forma que eu vejo.

— Como assim? — Melinda senta ao meu lado.

Ikimari se encolhe na cadeira, olhando de relance para o irmão. Temendo estar falando mais que o necessário.

— Ele procurou a maldição. — ele continua.

— Por quê? — pergunto.

Ikimari passa a mão na boca. Ele não queria falar algo que fizesse o irmão ficar chateado com ele.

— Ela me viu na forma completa. — Ilariki senta na cama.

— Não se esforce. — Ikimari o impede de levantar.

— Tudo bem! Eu ouvi a voz dela, ele tem a minha maldição não é? — ele pergunta para Ikimari.

— Sim, devemos muito ao seu amor. — ele fala debochando da situação.

Amor?

Ilariki passa a mão em seu pescoço, levando até seu ombro, massageando-o.

Eu fico sem palavras, não abri a boca para perguntar o resto. Acho... que não quero saber, ou tenho medo do que posso descobrir.

— O que quer dizer com ela te viu na forma completa? — Melinda pergunta por mim, sentando ao meu lado na ponta da cama.

— Nós temos três formas: nossa forma normal, essa; uma forma humana...

— Patética. — Ikimari o interrompe.

— E a nossa forma completa, você viu com Miruni e Ikimari, é a nossa forma lobo.

— Ah...

— Ela me viu naquela forma e... teve medo, e parou de falar comigo depois disso. Eu a procurei, e ela disse que não conseguia mais... — ele fala entre tropeços — não conseguia mais olhar-me sem lembrar-se do medo que sentiu. Eu falei que estava disposto a permanecer em minha forma humana para que vivêssemos juntos. Então, ela disse que tinha uma forma mais fácil de resolver isso, me falou de uma bruxa que selaria minha parte lobo. Eu fui. Foi quando descobri que a única forma de selar é através de uma maldição, que selaria meu poder e me faria entrar em dor e agonia quando estivesse para me transformar. Eu... aceitei.

Renascer dos Lobos Onde histórias criam vida. Descubra agora