Capítulo 42 - Ilariki

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Corro com o vento frio do amanhecer encontrando-se com o calor do suor que escorre em meu rosto. Os soldados de Kato tomaram a dianteira, guiados por Miruni que abre caminho até a vila. Ikimari passa ao meu lado, tomando mais distância, enquanto seu corpo vai sendo tomado pela sua transformação, dando espaço aos seus pelos brancos, com suas roupas sendo rasgadas até que eu vejo sua transformação completa.

Eu olho para frente, sinto o cheiro das criaturas aladas se aproximando a cada passo meu. Posso sentir o cheiro de humanos ao norte. Olho para o lado, minha visão passa pelos verdes das árvores até ver a vila. As criaturas vêm do sul, e nós apareceremos pelo lado enquanto eles seguem para o norte. Precisamos chegar antes que avistem a vila.

O cheiro dele causa náuseas em meu estômago, o cheiro de Okubo se destaca no meio das criaturas. Ikimari responde ao cheiro de Okubo com um uivo agudo, tendo retorno de outros uivos ao sul. Eles têm animalian lobos.

Finalmente conseguimos vê-los. Um exército alado que surge com o fim das árvores que atrapalham nossa visão. O exército de Kato faz a curva, preparando-se para enfrentar. Miruni solta as rédeas de seu cavalo, em um salto, transformando-se em lobo, pisando no chão com suas patas para correr mais rápido. Ikimari logo o alcança.

O encontro finalmente acontece; Miruni pula, fincando suas garras em duas criaturas aladas; atrás delas, criaturas rochosas caminham como um exército irracional, arrastando as pedras e terras do chão para andar. São criaturas enfeitiçadas. É obra da bruxa que sequestrou Melinda. Flechas são atiradas do nosso lado, atingindo as criaturas aladas que gemem em um grito agonizante. Os cavalos batem nas criaturas rochosas, estraçalhando-as em partes até que se transformam em pó.

Muitos soldados descem dos cavalos e partem com suas lanças e espadas. Lobos surgem do lado de Okubo, mordendo os cavalos até arrancar as carnes em pedaços vivos.

Minha garra penetra em uma das criaturas de rocha, é como atravessar farelos de areia. Há cristais centrais no local onde deveria ter seu coração; uma pequena bola redonda que dá energia para a massa cinzenta andar. Minha mão fica presa no crânio oco de uma das criaturas, sendo alvo fácil para um dos lobos avançar na tentativa de me apunhalar por trás. Eu chuto o corpo da criatura que prendia meu braço, ficando com a cabeça careca pendurada em meu punho, mas consigo desviar da mordida do lobo.

Meu nariz me engana, não é possível, mas esse lobo tem o cheiro do Okubo. Ele rosna para mim, sacudindo os pelos cinzas e mostrando seus dentes vermelhos de sangue, com as gotas pingando na areia, rangendo os dentes na tentativa de sinalizar que não está saciado e quer mais sangue.

Ele coloca as patas no chão, marcando a areia com suas garras. Todo seu corpo se contorce; seu cheiro vai se tornando mais nítido, é Okubo. Suas garras tomam o formato de dedos largos de mãos humanas. Ele pega uma das túnicas, cobrindo-se antes do seu corpo se transformar por completo.

Com a cabeça erguida, ele limpa com a palma da mão o sangue que escorre em sua boca.

— Surpreso? — ele sorri para mim.

— Como? Como pode ser um animalian lobo?

Ele pega a espada da criatura rochosa e avança em minha direção, eu bloqueio seu golpe com a espada que Vinny me entregou, mas sinto sua força se sobrepor a minha, forçando meus cotovelos dobrarem-se contra a minha vontade.

— Eu renasci. — cuspiu ele, com seus olhos cravados no meu. — Livrei-me de um corpo humano, emergi com meu corpo fraco e, com a minha morte, o meu verdadeiro corpo renasceu. Eu sou um animalian que você e seu irmão nunca serão. Eu tenho a verdadeira potencialidade de uma animalian lobo.

Em outro tilintar de espadas, bloqueio mais um de seus golpes, mas ele usa sua garra direita para tentar um próximo ataque, eu tento segurá-la, mas não consigo, minha mãe não foi forte o suficiente, suas garras cortam meu pescoço até meu ombro esquerdo.

Renascer dos Lobos Onde histórias criam vida. Descubra agora