Capítulo 28 - Melinda

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Recebi tantas mensagens e ligação dele que não tive outra escolha além de concordar com o encontro. Eu sei que disse que conversaria com ele depois, mas não tinha pretensão alguma que esse "depois" chegasse. Sinto minha mão suando no taco de beisebol. Minha respiração ofega.

— Calma! — sussurro para mim mesma.

Por que fico assim quando estou para encontrá-lo? Não é uma sensação boa. É sufocante.

Concordei em encontrá-lo na escola, é um lugar público e com pessoas que me conhecem.

— Melinda! — eu olho para trás, aliviada em ver que não é ele.

— Marcos.

Ele aproxima-se retraído em seu corpo. Coça a nuca, evitando me olhar nos olhos.

— Está tudo bem? — pergunto.

Ele coloca a mão no bolso da calça azul do uniforme de futsal e levanta a cabeça para me olhar. Seus longos cachos caem em seu olho esquerdo, mas ele parece não se incomodar.

— Eu soube que você terminou o relacionamento. — ele inicia a conversa, parece buscar uma coragem extraordinária para falar.

Tão fofo. Faz-me esquecer que eu deveria estar com raiva das meninas que espalharam isso por toda a escola.

— Sim, terminei. — digo.

— Queria saber se você gostaria... se gostaria de ir ao baile comigo?

Baile? Meu deus, eu esqueci do baile.

— Marco... — tento falar de uma maneira que não o machuque.

Marco é um cara legal, divertido e joga futebol como ninguém. Estudo com ele desde o nono ano. Mas nunca fomos muito próximo, nunca pensei nele de outra forma, além de colega de sala. Normalmente, eu diria sim. Não tenho o que perder. E me parece algo melhor que ir sozinha. Ele iria me divertir.

Eu sorrio.

— Desculpe-me, Marco, mas eu já tenho alguém para ir comigo. — respondo.

Tenho?

Eu posso estar perdendo uma grande oportunidade, mas não seria certo com ele, não quero usá-lo para esquecer o Anthony.

— Entendo! — ele força um sorriso. — Bom, vejo você no jogo de futebol amanhã?

— Claro. — eu coloco o taco em cima do meu ombro esquerdo — Será divertido. Boa sorte.

— Não preciso de sorte. — ele sai, saltitando de costas, sem olhar para frente. — Tenho estratégia.

— Claro. — eu sorrio.

Ele é mesmo divertido.

Sinto o celular vibrar em meu bolso. É o Anthony avisando que chegou. Eu seguro firme o taco de beisebol e tomo coragem para ir. Marcamos do lado da escola, perto das árvores onde fazemos piqueniques nos intervalos, algumas pessoas de fora também sentam na grama para conversar e comer. É um lugar lindo e bem harmonioso.

Uso o celular para perguntar para Camélia onde está Lizzie.

"Foi na floresta fazer o trabalho de biologia com Carla e Júlia", escreve ela.

— Melinda. — é a voz dele.

— Anthony. — eu forço um sorriso.

— Por que marcou na escola? — ele tira sua jaqueta, sentando no braço do banco mais perto.

— Eu tenho um tempo livre. Estou fazendo...

Eu levanto o taco para falar que estou fazendo beisebol, mas ele me interrompe.

Renascer dos Lobos Onde histórias criam vida. Descubra agora