Capítulo 3 - Lizzie

1.1K 169 1.2K
                                    


Ele não para de analisar cada parte da madeira. Cerrando os olhos e os dentes ao mover o objeto em sua mão.

— Você não consegue ver? — pergunto.

— Não. Você não devia ter voltado para casa?

— Sim, mas...

Eu sento ao seu lado. Lembrando de tudo que ele me disse. Tentando entender tudo que aconteceu até aquele momento. Esses pensamentos penetram em minha cabeça, pesando em minha consciência. Ele não tira os olhos do objeto, tentando decifrar ou ver alguma coisa.

— Você disse que conheceu um parente meu e que foi ele que te prendeu no cristal. — começo a falar.

— Sim.

— Qual o nome?

— Philipe Pompei. Era um grande homem. Ele que achou os cristais de transição.

— Cristais de transição?

— É o nome dado ao cristal que você usou para vir a esse mundo. É um objeto que te permite transitar entre os dois mundos.

"Dois mundos?", penso.

Isso está apenas aumentava minhas perguntas. Saber que ele mudou de ideia ao ouvir meu sobrenome, aumenta meus questionamentos.

Se foi esse homem que o prendeu ao cristal. Por que simpatizou com o meu sobrenome?

Philipe é o nome do meu avô por parte de pai. Meu avô falou poucas vezes dele. Ele e meu avô Jhon não se davam muito bem. Eu não o conheci. Não conheci ninguém da família do meu pai ou da minha mãe, além do meu avô Jhon.

Ele levanta a cabeça, erguendo o nariz.; puxando-me para perto dele.

Eu penso ter confundido o que ouvi, mas quando ele repete o barulho, é nítido que não é coisa da minha imaginação. Ele está rosnando.

Escuto o barulho de galhos quebrando e passos fortes correndo em nossa direção. Alguns sons metálicos se misturam com latidos.

O primeiro homem surge de dentro dos matos. Erguendo-se com um arco e flecha em mãos. Ele prepara o arco e Lança uma flecha em minha direção. O rapaz coloca o braço em frente ao meu rosto. Levando a flechada que me acertaria. Ao receber a flecha, ele rosna novamente, enquanto encara o arqueiro, que faz sinal com a mão. Logo surgem mais deles, cercado a gente por todos os lados. Os homens também vestem roupas felpudas e de couro. Encaram com um olhar impiedoso e rosnam como cachorros. O rapaz coloca a madeira para perto do peito, cobrindo-a com a mão direita, e desce os dedos da mão com a flecha em seu braço até minha mão. Ele aperta a mão que eu seguro o cristal.

— Pense em sua casa. — ele pede.

Ele pressiona o meu dedo para apertar o cristal.

— Não pense em mais nada. Apenas em casa.

— Certo. — digo.

Ele aperta mais ainda, forçando o cristal a quebrar. Posso ver os homens avançando com espadas e lanças apontadas para nós. Eu fecho os olhos para não ver, sentindo um vento forte se formar ao nosso redor. Abro os olhos e vejo os pedaços do cristal nos cercando em uma luz brilhante.

Caio em minha cama, e vejo o rapaz caindo no chão ao lado. Gemendo com a queda; ele segura a flecha perfurada em seu braço, o sangue escorre em sua mão, caindo no tapete turquesa do meu quarto.

— Vou pegar o kit de primeiro socorros. — digo.

— Veja se o cristal se materializou.

— O cristal?

Renascer dos Lobos Onde histórias criam vida. Descubra agora