Capítulo 10 - Melinda

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Estou na fila para comprar os perfumes. Os aromas dos perfumes borrifados no ar misturavam-se em uma fragrância doce, fico imaginando o gosto do doce em minha boca cada vez que inalo mais forte.

Sinto uma fragrância que já experimentei, um perfume que encontrei uma vez, mas nunca o achei novamente. Olho ao redor da loja, procurando a origem do cheiro. Quando olho para trás, eu vejo pelo vidro da loja, Lizzie, discutindo com um homem. Ela está encolhida, encostada no banco, recolhida em seu corpo. Eu largo os perfumes na prateleira mais próxima, andando rapidamente até o local.

O homem se levanta, deixando-a sozinha. Quando me aproximo mais um pouco, abro os lábios para chamá-la, mas ela corre em direção à garagem, eu a sigo, mas não consigo encontrá-la em lugar nenhum.

Ligo inúmeras vezes, deixo mensagens escritas, mas não tenho retorno.

Encontro as meninas, que explicam que ela planejou ficar me esperando em frente à loja, mas que não encontraram com ela depois que voltaram da livraria.

Ando com o celular encostado no ouvido, escutando o som da ligação, apenas chamando, apresso o passo em direção à sua casa.

Teria acontecido algo? Aquele homem... Não, não posso pensar algo assim.

— Vou à polícia. — decido.

Não, calma. Melhor esperar para ver se ela não está em casa. O homem partiu em direção oposto ao caminho que ela correu. Respiro, para não exibir tanta preocupação em meu rosto. Não quero preocupar o Tio Jhon.

Toco a campainha de sua casa, limpando meus pés no carpete de borracha em frente à porta.

A porta abre.

— Liz... — eu falo esperançosa, mas não é a Lizzie.

Dona Júlia que abre a porta. Sorridente como sempre. Ela está mais alta do que me lembro. Olho para seus pés, está de salto.

— Oi, querida. — ela diz.

— Oi, Dona Julia. — vou a sua direção para abraçá-la. — Lindos saltos.

— Ah, obrigada. — ela cora, feliz ao receber o elogio.

— Lizzie está? — pergunto.

— Não, ela não estava com vocês no shopping?

— Sim, mas ela saiu mais cedo do shopping, pensei que a encontraria aqui.

— Ela não voltou ainda.

— Entendo. — aquilo me preocupa.

— Entre. — ela convida, gesticulando com o braço.

Eu agradeço o convite. O avô da Lizzie está lendo um livro, sentado em sua poltrona, com uma boa postura e seus pés apoiados em um puff. Ajeito minha postura ao ver a sua coluna ereta.

— Oi, Senhor Jhon. — aceno para ele, que responde com um sorriso torto. — Quero falar com a Liz, tudo bem se eu esperar ela voltar?

Ele concorda com a cabeça.

Fico sentada assistindo à novela com Dona Júlia, comentamos cada ação estúpida dos personagens. Olho a todo instante para a tela do celular, esperando qualquer sinal da Lizzie. Sinto um aperto em meu peito.

— Vovô, cheguei. — alguém abre a porta, anunciando sua chegada.

Sinto um alívio ao ouvir sua voz e ver o seu cabelo liso surgindo detrás da parede da sala.

Salto do sofá, recebendo-a com um abraço.

— Melinda? — ela fica com os braços abertos, surpresa com a minha presença. — O que... o que aconteceu?

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