Capitulo 30 - Runaway

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Yoongi não era a melhor pessoa para solucionar problemas, encrenqueiro, pavio curto e extremamente explosivo. Sempre tentou se manter longe de coisas que o fizessem perder a cabeça, uma delas era o seu pai, o maldito que tinha enfiado ele na porra de uma gangue antes mesmo dele sair da escola e agora não tinha como fugir dela mais uma vez.

Exatamente há dois anos atrás ele voltou de uma dessas viagens com o pai, fez questão de desmontar sua moto e vender todas as peças ao ferro velho de Jacksonville por algumas migalhas. Ninguém nem sabia o motivo dele ter vendido a sua moto, já que era a coisa mais importante de sua vida. Min yoongi trabalhou duro durante meses naquele mercadinho pra conseguir comprá-la, porque a venderia assim?

A resposta aparece em uma noite intimista no porão de Taehyung, enquanto assistíamos um daqueles filmes em que alguém acabaria dormindo enquanto Tae nos bateria antes de acabar, por sermos péssimos amigos em não gostar das mesmas coisas que ele. Yoongi se mostrou emotivo quando assistiu uma cena do clube da luta, talvez, não foi a cena em si.

Eu achei que ele estava chorando por não termos colocado velozes e furiosos. E ri até perceber que aquilo era real.

Confessou que tinha matado um homem, e pensar sobre isso o dava náusea e o quanto era difícil lidar com toda a pressão do ocorrido. Uma dor de cabeça constante o fazia chorar todas as noites, quando durante o dia sua única alimentação eram remédios que o fizesse dormir o dia inteiro e esquecer boa parte dos seus pesadelos. Min yoongi sempre fala do barulho que era esmagar um crânio contra o concreto, os ossos que pareciam partir em milhões de pedacinhos e o sangue quente escorrendo pelos seus dedos, isso o torturava a ponto de deixá-lo completamente maluco.

Foi então que Taehyung e eu juramos por tudo que era mais sagrado naquele mundo, que jamais, deixaríamos yoongi se juntar aquele bando novamente. E não foi isso que aconteceu.

Ele nunca nos falou qual era o motivo, poderia ser algo banal, como também poderia ser algo extremo. Era difícil ler sua personalidade, uma hora ele riria da piada e minutos depois se contássemos novamente, ele cuspiria na nossa cara.

A única coisa que não poderia negar era o seu coração bom e aquele sorriso contagiante, yoongi, sempre seria o primeiro a entrar em uma briga pra nos defender, mesmo se não precisasse.

Eu fiquei ali, depois de tanto tempo sem conseguir fechar os olhos ainda sob o efeito da metanfetamina, não me sentia cansada e muito menos queria dormir. Em compensação meus sentimentos me deixaram devastada, eu falei que sentiria o dobro, e aquela amargura em ter que me despedir dele estava sendo dilacerante.

Engoli o choro por esta ao lado de Jungkook, não queria chorar enquanto estivesse ali abraçada ao Yoongi tendo meus últimos momentos com ele.

A melancolia do adeus foi brutal, ninguém queria se despedir. Nunca me senti tão vazia quanto naquela manhã, nem mesmo a ida de Jungkook a um seminário foi tão dolorosa do que a perda dos dois para aquela maldita gangue.

Sim, eu perderia Jin também!

Por mais que eu tentasse levar como irrelevante pelo ocorrido na madrugada anterior, eu não queria perdê-lo justamente quando estava aprendendo a gostar de uma outra forma.

Um buraco que parecia não se fechar, dentro do meu carro estava a bolsa de Jungkook. Ele iria pegar a primeira condução até a rodoviária e partiria para Houston atrás de Jeremy...

Tudo estava desmoronando, nada era para sempre como todos falavam durante uma bebedeira no tapete da sala do Jin, nada seria como antes, nem mesmo meu Taehyung, exausto, carregando sua bolsa atravessada no corpo por baixo do agasalho azul marinho, praticamente um fugitivo do treino para dar o ultimo adeus.

Desejos de um padre • JJK versionOnde histórias criam vida. Descubra agora