Desejos de um padre • JJK version

Resentment

Existia algo além do amor e ódio, algo que me fez recuar segundos de ter me entregue aos braços de Jeon Jungkook. Aquele sentimento amargurado dentro do peito, que me faz aterrizar do céu até o inferno em uma fração de segundos.

Poderia continuar com aquilo e me render ao calor do momento, ainda sentia aquelas malditas borboletas no meu estômago como se pudessem subir e sair pela a minha garganta a qualquer segundo, o calor do seu corpo e a suas mãos tocando a minha pele, eram como uma morte dilacerante. Porque no fundo o outro sentimento parecia superar qualquer falta que Jungkook fez na minha vida.

Eu não pude dizer nada e até poderia retornar ao bar e pedir para Seokjin me levar de volta pra casa ou fingir que aquele beijo não aconteceu e finalizar a noite ao lado de um grande amigo. No entanto, ficar perto daquele homem me causa um sentimento dilacerante e eu não poderia me controlar por tanto tempo. A raiva ainda está correndo em meu sangue, prestes a explodir e me tornar uma pessoa que eu não queria ser, não mais!

Deixei o homem para trás com a mesma premissa de antes, mesmo que ele falasse meu nome, eu o ignorei e entrei no primeiro táxi que passou naquela rua. Meu coração ainda em pedaços, me faz suspirar aliviada ao ver Jungkook desaparecendo na janela, eu não queria me arrastar para o fundo do poço de novo e ficar ali, com ele, seria injusto comigo.

Não consegui chorar, minhas lágrimas secaram como se nunca tivessem borrado a minha maquiagem.

Era engraçado que depois de tanto tempo e com mais experiência, Jeon ainda parecia o mesmo homem inseguro só por beijar uma mulher ou talvez aquilo fosse algo especialmente nosso.

Se é que ainda existia algo que pudesse nos unir novamente. Acredito que depois de duas palavras dissimuladas, propriamente ensaiadas como se ele já tivesse um texto pronto dentro da sua cabeça, eu não conseguiria enxerga-lo com a mesma inocência de anos atrás.

Jungkook poderia ter acabado com aquele namoro quando estávamos em Jacksonville. Não teria feito aquele pedido de casamento no mesmo motel que me deixou para trás, seria honesto e eu juro por Deus que entenderia, por mais que relutasse, iria entender.

Por outro lado, tentava entender sua decisão. A pessoa que fui no passado não parece nem um pouco com a que sou hoje em dia, esse pensamento jamais passaria pela cabeça daquela desequilibrada, completamente quebrada e machucada por todos em sua volta. Eu insistiria, iria até o fim para conseguir ser feliz ao lado de alguém que não parecia disposto entregar-se a felicidade.

Ao descer do táxi na rua deserta, entro no prédio sentindo meu corpo pesado. Subo as escadas pensando em como poderia ter sido se tivesse ficado lá, até onde Jungkook chegaria comigo aquela noite.

Não poderia mentir, meu corpo pegava fogo ao lembrar do toque de suas mãos em minha pele, os lábios pequenos me devorando voraz como nunca havia feito antes. A saudades do seu corpo, causava-me um desconforto entre minhas pernas, me sentia excitada ao ponto de imaginar o que teria acontecido após aquilo.

Talvez outros beijos que confundiriam meus sentimentos ou uma transa no banheiro daquele bar.

Solto um riso baixo ao passar pela porta, respiro aliviada apoiando a mão direita na parede para tirar meus sapatos sem fazer barulho. A tv da sala estava ligada e eu vejo a silhueta de Jennie escondida embaixo daquela manta, levantou o rosto após notar a minha presença e me encara entusiasmada.

— Então? -indagou erguendo o dorso para cima, sentando-se no sofá.

— Então, o que?

— Como foi?

— Uma merda. -arfo.

— Como assim? -encara confusa, dou alguns passos em direção ao sofá e me sento ao seu lado com o corpo virado na sua direção, encosto a cabeça no estofado e ela percebe a maquiagem borrada, seu entusiasmo muda para o olhar penoso. Esticou o braço na direção do meu rosto, passando o dedão em uma pequena carícia na bochecha — Minha amiga -fala derrotada — Se ele foi um babaca com você novamente, esqueça esse homem.