Capitulo 59 - Dust in the wind

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Now, don't hang on
Nothin' lasts forever but the earth and sky
It slips away
And all your money won't another minute buy. Dust in the wind, kansas.

Minha vida era movida a impulsividade.
Existia algo dentro de mim que gritava todas as vezes para agir sem pensar antes de fazer qualquer bobagem, algo maior do que a vontade de persistir e pensar um pouco sobre o que poderia acontecer depois. Eu nunca pensei nas consequências e por conta disso, dessa impulsividade que nunca controlei em toda a minha vida, eu estava com os pés dentro desse problema.

Naquele momento eu parei por alguns segundos, que foram cruciais para mover os meus pés na direção da minha casa sem ao menos dar adeus para os olhos arredondados que me encararam aflitos. Eu ouvi Luke falar mais algumas coisas na direção do homem que não reagiu, sua boca entreaberta como se pudesse gritar a qualquer momento e ainda parado na mesma direção que o deixei. Estático, decepcionado com aquela escolha.

Ao passar pela porta onde vinha o choro incessante de Matthew, misturando-se com os soluços da minha mãe que tentava acalentar a criança em seus braços. Ela chorava do mesmo jeito que chorei naquele dia quando Seokjin me prendeu em seus braços e disse que faria qualquer coisa para que aquilo desse certo, enquanto eu, me encontrava apática, sem conseguir reagir ao que tinha acabado de acontecer.

O choque das palavras de Annie, a ação de Jeon Jungkook e a agressividade do meu pai. Tudo aquilo tinha sido o suficiente para me deixar em colapso, minhas mãos trêmulas vão na direção de Emma, pego a criança em meus braços e encaro minha mãe em prantos. Ela me fala que nunca mais na vida dela, deixaria alguém humilhar a sua família daquele jeito, gritou que Annie pagaria por toda a maldade que fez e jamais voltaria perdoar a amiga.

A única coisa que consegui fazer foi beijar a sua bochecha esquerda, molhando meus lábios com as lágrimas salgadas e disse: — Não se preocupe, nada irá acontecer a nossa família.

O seu sorriso esperançoso em meio a decepção acalentaram o meu coração, de alguma maneira minha alma sentia-se liberta, branda, beirando uma calmaria que jamais senti perto da minha própria mãe. Aquele olhar amoroso que nunca me encarou de volta por alguns anos estava ali, como se jamais tivesse partido.

Senti como se minha mãe me amasse depois de tantos anos repetindo o quanto me odiava e a decepção que havia me tornado. Senti aquela compaixão em meio a sua tristeza, aquele amor que eu precisei em tantos momentos da minha vida e os quais eu escondi dela me debatendo dentro do quarto enquanto meu corpo espulgava todos os demônios pelas minha glândulas de suor. Imaginei naquele momento como teria sido fácil segurar sua mão ao acordar daquela overdose ou quando contei o que sentia por Jungkook.

Subi as escadas ainda com a criança em meus braços, encosto o seu rosto no meu, acariciando seus seus poucos fios de cabelo. Chiei baixinho cantarolando uma canção que costumava acalma-lo quando inquieto, caminhando em passos lentos até o meu quarto.

As paredes dessa casa pareciam sufocantes e ao mesmo tempo libertadoras. Eu estava dentro da casa que sempre vivi, todas as lembranças estavam entranhadas nas paredes e no carpete bem aspirado de Emma. Ao fechar a porta e balançar a pequena criatura em meus braços, passo a ponta dos dedos nas bochechas arredondas limpando suas lágrimas. Um inocente que não tinha culpa do erro dos outros, assustou-se com toda aquela gritaria do lado de fora, acalmava-se emaranhando seus dedos nos cachos bagunçados do meu cabelo.

Me abaixei para puxar aquela bolsa embaixo da cama, equilibrando o peso de Matthew em meu braço direito.

— Você vai lembrar desse dia. -balbucio ao parar de cantarolar a canção. Eu não consegui ouvir a porta batendo tão forte no andar debaixo, os berros de Luke e Emma um com o outro como nunca brigaram em toda a sua existência — Talvez esse seja o único dia triste na sua vida.

Desejos de um padre • JJK versionOnde histórias criam vida. Descubra agora