Desejos de um padre • JJK version

You're still the one

Eu não estava preparada para dizer adeus.

Sofria com a despedida enquanto arrumava as malas. Parece que um pedaço de mim ficaria naquela cidade depois que voltasse para a casa, talvez, aquela fosse a minha casa e me despedir dela seria bem mais difícil do que imaginei.

Meu filho estava começando a me fazer querer ficar por mais tempo, tudo aqui parecia ter sido criado apenas para o seu conforto. Jeon brincava na rua com Matthew e outras crianças durante a tarde inteira, existia mais de duas pessoas completamente entregues fazendo todos os caprichos dele, ele ganhou não apenas uma avó, como também Emma e Luke o mimaram de todas as formas possíveis.

Aqui, nessa casa foi a primeira vez em que ele abriu a boca e pronunciou a palavra que Jungkook tanto esperou por meses: — Pai!

Ele engatou de uma só vez, repetindo oito vezes seguida a palavra "Pai" enquanto estava correndo pela casa, em uma brincadeira que apenas cabia aos dois. Pude ver aquele olhar encantado, cheio de orgulho, sentindo o gosto da vitória após tantas tentativas de uma aproximação maior com ele. Aquele laço finalmente pode ser sentido de ambos os lados, e eu não poderia ficar mais contente do que isso.

Me pego abobalhada, parando de dobrar as roupas dentro da mala para olhar aquele anel em meu dedo. E inacreditável! Eu não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo, que iríamos nos casar da forma em que Jungkook sempre falava:

— Eu voltarei a igreja, mas, será para esperar você no altar.

Saio do quarto para pegar as coisas espalhadas pelo chão do antigo quarto de Jungkook. A criança deixou boa parte dos brinquedos ali e não poderíamos levar metade deles, ninguém era maluco de pagar excesso de bagagem por conta de mil peças Lego e carrinhos de controle remoto. Era melhor juntar todos em uma caixa e guarda por aqui, já que Annie fez questão de nos convidar para o dia das mães. Segundo ela, essa era uma data importante é tinha que ser comemorada com as pessoas que amamos.

É estranho, ser inclusa no meio dessas palavras vindo dela. Ainda não tinha me acostumado com nossa aproximação, parecia bom demais pra ser verdade.

Me abaixo para pegar todos os brinquedos espalhados, alguns foram parar embaixo da cama e eu tive que deitar no chão pra puxar. Abro o antigo armário dele e vejo boa parte de suas roupas que ficaram para trás, passo a mão direita entre uma das blusas, eu me lembrava dessa aqui, ele usou no dia em que fomos a cachoeira pela primeira vez.

Prendo os lábios um no outro, fazendo uma pressão. Sinto meu sangue percorrer todo o meu corpo quente. Um bilhão de borboletas em meu estômago me deixam com as bochechas pegando fogo, eu lembro de cada detalhe daquele dia como se tivesse sido ontem.

Encontro um caixa na prateleira de cima, tinha um cadeado que prendia a tampa dela em algo improvisado. Fico na ponta dos pés para pega-la, é um saco acaba caindo em cima de mim, nesse momento consegui alcançar a caixa e antes de deslizar na prateleira uma chave cai em cima dos meus pés.

Pego a caixa com um pouco de dificuldade, a coloco no chão assim que me inclinei para pegar a chave. Seria tão previsível assim? Bom, era do Jungkook que estávamos falando, então, sim! Ele era previsível a ponto de esconder a chave embaixo da própria caixa. Um Gênio!

A chave abriu o cadeado daquela caixa e não tinha nada lá dentro que eu não conhecesse. Minha boca estava aberta em um "o" sem conseguir esboçar uma outra reação sem ser de espanto. Me senti um pouco invasiva ao ver o que tinha dentro dela, ultrapassando os limites da nossa intimidade. Se estava com um cadeado, ela não poderia ser aberta.