Desejos de um padre • JJK version

Capitulo 58 - Livin' on a Prayer

We've got to hold on to what we've got
It doesn't make a difference if we make it or not
We've got each other and that's a lot
For love, we'll give it a shot - Livin' on a prayer, Bon Jovi.

— Não faz isso. -Camila sussurrou passando a mão em cima do estofado da moto e balança a cabeça negativamente — Essa é a sua paixão desde os dezessete anos.

— Eu preciso de dinheiro. -murmurei de volta enquanto o velho analisada atentamente cada detalhe da minha moto. O pesar que sentia em meu coração era grande, iria me separar da minha fiel companheira.

— Oitocentos. -ergueu o tronco para cima e me encarou apático — É o máximo que vai conseguir.

— Os pneus foram trocados semana passada, você poderia pegar mais leve Joey. -tento ser simpática arrastando um sorriso amigável no rosto, o homem leva a mão direita até o queixo coçando a barba grisalha, cospe tabaco que mascava no chão e arfa.

— Oitocentos e cinquenta.

— Mellany, não.

— Fechado! -estendo a mão na sua direção o cumprimentando. Eu sabia que a minha moto valia bem mais do que aquela grana e quanto tempo demorei pra trocar cada peça dela, sentia aquele arrependimento dentro do meu peito quase sendo exposto ao entregar a chave para ele.

Um suspiro triste escapa dos meus lábios ao ver aquele adesivo que tinha na lateral, lembro de quando Yoongi foi até Houston e nos trouxe aqueles adesivos de presente e foi algo para nos gabar pela cidade durante meses. Os momentos que vivi passava como um flash diante dos meus olhos, o coração aperta ao pegar o dinheiro surrado do bolso de Joey. E eu hesitei por alguns segundos, minha amiga segurou em meu braço checando se estava bem, não contei o dinheiro, apenas olhei para as notas e volto a encarar a moto.

— Aquele carro que você tem.

— Esquece Joey. -falo baixo — Foi o meu pai que me deu. Eu não vou vendê-lo.

— Mil dólares. -levanto o rosto olhando na direção do homem — E uma lata velha, a nova geração não gosta de carros antigos. Eles preferem esses possantes.

— Acorda Joey! Estamos no fim do mundo, quando foi que você viu um carro desses que passa na televisão por aqui? -Cams retruca rude — Aquele carro é um clássico.

— Você quem sabe. -passou a perna por cima da moto, subindo com brutalidade, vejo os pneus abaixarem com o peso do homem que cospe novamente no chão — Da próxima vez será menos que isso.

— Vá embora antes que eu desista dessa porra. -falo incomodada, ter aquele homem arrogante em cima de algo que significava quase toda a minha vida estava acabando comigo. Era quase um pedaço de mim.

Ele girou a chave e acelerou fazendo o motor roncar. Camila e eu nos afastamos na calçada enquanto vejo a minha moto indo embora com um babaca filho da puta. Enfiei a mão no bolso do moletom que usava guardando as notas lá dentro, eu queria correr para o meu quarto e chorar

Minha amiga coloca a mão direita no meio das minhas costas me acalentando com aquela carícia terna, suave, abraçou-me de lado e me conduzindo pelo gramado.

— Você está bem? -indaga atenciosa, umedeço meus lábios e paro de andar. Encaro a loira por alguns segundos, franzindo o nariz e dou um sorriso desconfortável — Seus olhos estão começando a ficarem vermelhos.