Me tranquei naquele quarto que ainda parecia ter o seu cheiro nos lençóis, me envolvi com aquela verdade mascarada de mentira.
Meu corpo padeceu a doença que eu não sabia que existia: a do amor.
A febre me consumiu nos dois primeiros dias como se eu não fosse sobrevive aquela dor que dilacerava em meu peito. Os tremores noturnos me fizeram agarrar ao travesseiro abafando os gritos durante a madrugada, eu me senti fraca ao ponto de não conseguir levantar daquela cama durante todo esse tempo. A carta permanecia ali, no lado em que ele adormeceu, na esperança de que retornasse de onde nunca deveria ter saído.
Eu não comi, eu não bebi sem que a água permanecesse dentro do meu estômago, tudo era expelido para fora como se meu organismo não aceitasse nada que não fosse de Jeon. Eu nem se quer tomei banho, na esperança de manter o cheiro do seu corpo no meu, tentando sentir o calor dos seus braços aos delírios febril.
Chamava o seu nome como se Jeon pudesse me ouvir, a negação foi tomando conta do ser no quarto dia, quando demorei mais de cinco minutos para levantar da cama e atender a porta. A mulher que ficava na entrada do motel, bateu a porta para saber se ainda estava lá dentro depois de dias no escuro. Os olhos que me desdenhavam anteriormente me encaram com pena, tento me reerguer, falo para ela que estava tudo bem quando na verdade ansiava pela morte.
Eu neguei até o último momento, eu li, reli sua carta procurando uma falha, onde eu tinha errado? Porque ele abriria mão do nosso amor por conta de sonhos idiotas? O meu único sonho era ficar com ele, era ser para sempre dele...
A mulher bateu na porta pela última vez na terça feira de manhã, falando que não poderia segurar o quarto por mais tempo. Eu precisava ir embora antes que ela ligasse pra polícia, tentei relevar suas palavras, pedindo um pouco mais de tempo para que pudesse ao menos tomar um banho, e ela permitiu, contanto que recebesse ao menos o prato de ovos mexidos e um copo de leite.
Eu estava tão mal? Ao ponto daquela mulher tentar ser generosa comigo.
Me arrastei para o banheiro, onde já não existiam mais lágrimas para chorar, a dor de cabeça não era nada comparado aquele vazio no peito, nenhuma dor física chegava a ser tão forte quanto a falta que aquele homem fazia. Eu fui abandonada, precisava ter certeza de que ele não retornaria para aquele hotel, que Jeon se arrependeria e voltaria para os meus braços.
A incerteza de suas palavras me rondavam, era vago demais, como alguém que escrevia uma carta cheia de sentimentos poderia deixar quem ama para trás?
Poderia tirar essa história a limpo, ainda estava perto de casa, eram poucos quilômetros até Jacksonville e eu o enfrentaria cara a cara, questionaria aquele amor, qual era o sentido da felicidade se não fosse ao seu lado.
E de alguma forma, aquela frase ainda me perturbava. Ele não queria que eu voltasse para casa, se o amasse de verdade deveria seguir em frente e nunca olhar para trás.
Peguei todas as minhas coisas daquele quarto e me despedi do lugar em que começou sendo o paraíso e tornou-se um inferno. Fraca ao ponto de carregar a mala com dificuldade, pago os dias em que fiquei trancafiada lá dentro e agradeço a mulher odiosa por ter me deixado um pouco mais, meu último pedido foi um pouco irracional, eu escrevi uma carta destinada ao endereço onde uma única pessoa poderia entregar nas mãos de Jeon e paguei por uma ligação que fez meu coração parar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Desejos de um padre • JJK version
FanfictionVocê é como um sonho, você é o meu sonho! Largue sua batina e venha junto comigo. Vamos estar onde o sol aquece o céu, assim como você aquece meu corpo. Onde nenhuma pessoa possa nos julgar pelo o que somos, pelo o que sentimos. Onde você seja ape...