Telepathy

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"Nos dias que parecem sempre os mesmos
Eu me sinto o mais feliz quando te encontro "
- Telepathy, BTS

O clima daquele fim de tarde era extremamente agradável, a sensação boa que dava ao olhar para o horizonte até aquela linha que separava o mar do céu alaranjado se pondo vagarosamente. Era como se ele não quisesse ir embora e ficasse ali, à espreita para contemplar a lua.

Sinto a brisa bagunçar os meus cabelos, passar pela extensão da pele exposta e causar uma sensação de prazer. Respiro devagar, deixando o ar puro adentrar em meus pulmões quando escuto o riso vindo logo atrás de mim, olho de relance e vejo Jungkook pedalando na bicicleta enquanto o menor tentava ultrapassa-lo.

Parei de caminhar, descruzo os braços analisando a cena entre os dois e era inevitável não sorrir junto a eles mesmo que fosse de longe. O pai colocou os pés no chão, parando de pedalar enquanto o outro parou um pouco mais na frente, fala alguma bobagem que arranca uma risada alegre. Eu poderia passar horas e horas assistindo cada interação entre eles, cada abraço, cada gesto, o carinho que passava a sentir um pelo o outro de uma forma pura e genuína.

As coisas ficaram nos eixos com o passar do tempo, Jungkook não era uma ameaça que tomaria o seu lugar, muito pelo contrário, seria outra pessoa com quem pudesse compartilhar a vida e aos poucos conseguiu reconquistar o filho, mesmo que ainda não o chamasse de "pai". E aos poucos aquilo destravaria, sem pressa, no seu próprio tempo.

Deixei todas as preocupações do lado de fora, bani pensamento que me fizesse lembrar de coisas ruins e fui paciente comigo mesma. Esperei meu próprio tempo e respeitei todos os sinais que ainda piscavam em luz vermelha, um alerta que me impedia algumas vezes de ser feliz. Foi um processo de cura, descobrindo cada passo além do perdão, como chegava a plenitude de um amor calmo sem medo de que um dia tudo aquilo pudesse ter um fim.

Dia após dia, momentos colecionados, histórias sobre nós dois, sobre a nossa família.
A mesma canção antiga que ele cantarolava despercebido, os olhos atenciosos que pairavam em mim quando estava cansada, compreensíveis ao ponto de me tranquilizar. Me apanhava em seus braços tornando-os no lugar mais seguro do universo.

A risada contagiosa esquentava o meu coração da mesma maneira que seu toque sútil aquecia meu ventre. O meu corpo respondia até mesmo aos pequenos movimentos de Jungkook, os batimentos cardíacos aumentavam quando ele me olhava faceiro pedindo por mais um minuto, aquela sensação de que existiam milhões de borboletas em meu estômago e um arrepio intenso quando falava em meu ouvido: — Você.

E naquele momento onde me encontrava, não conseguia pensar em outra coisa a não ser na felicidade.

Jungkook me esperou um pouco ate chegar ao seu lado, saiu de cima da bicicleta e seguro no guidom com a mão direita, me alcançando para os seus braços. Um beijo cheio de ternura e deixado em meu rosto, arrancando um suspiro apaixonado dos lábios.

— Você tem certeza que não quer pedalar? -sua voz soou um pouco distante, ergo a cabeça olhando na direção de Jeon na bicicleta da frente. Agora sem as rodinhas, graças ao pai ele tinha aprendido a andar antes da chegada do natal, como prometido.

— Sim, estou um pouco enjoada.

— Eu ganhei Jayjay! -o tom competitivo do garotinho era engraçado, junto ao apelido que tinha especialmente a ele.

Desejos de um padre • JJK versionOnde histórias criam vida. Descubra agora