Como estava a minha consciência após receber a notícia de que o gerente daquele mercado tinha morrido?
Bom, eu não consegui dormir nos dois primeiros dias enquanto o maldito homem ainda agonizava em cima da cama do hospital. O medo dele recobrar a consciência e lembrar de alguma coisa me assombrou durante esse tempo.
Eu pedi para Jungkook me ensinar a rezar como se deve. Uma oração que chegasse mais perto de Deus, que me atendesse com uma certa urgência já que eu não gostava muito de esperar. Então, Jeon me falou que tudo tinha que acontecer no tempo de Deus, inclusive até as coisas ruins.
— Seja paciente.
Assim aconteceu, dois dias de lamúria, medo e culpa até que finalmente Deus atendeu o meu pedido. Levou a alma daquele infeliz pra bem longe.
Não sei se Deus tinha alguma coisa a ver com a morte de inocentes, mas, ele tinha sido benevolente ao ponto de nós dar uma nova chance de nos redimir. Não tínhamos feito por mal, muito pelo contrario! Nos culpávamos, era nítido a culpa transbordando nos olhos de cada um ao receber notícias de como o homem estava. Mas, pensando por outro lado, aquele maldito queria dar uma de herói e a culpa não poderia ser apenas "nossa", era pra acontecer, aquele não foi o dia dele.
Ao passar dos dias, as coisas ficaram calmas. Ninguém de fato sabia ao certo como tudo aconteceu, já que cada uma das vítimas decidiram contar versões diferentes, inclusive algumas até beirando a loucura. Uma delas chegou a falar que eram homens encapuzados com máscaras de demônios, que era uma nova seita que viu na internet e que aquele seria apenas um dos primeiros crimes que aconteceriam na cidade... já na segunda versão, foi contada que todos apanharam dos bandido. Quanto mais essas pessoas recebiam atenção, mais as histórias ficavam mirabolantes e completamente irreais. Afinal de contas, Jacksonville não teve um acontecimento tão grandioso quanto esse assalto, desde o incêndio no posto da rodovia há 30 anos atrás...
As pessoas ainda estavam eufóricas, trancando suas casas e montando grupos para não andarem sozinhos até um certo horário da noite.
Chegava a ser cômico, se não fosse pelo medo de sermos pegos por alguém tão próximo que havia se tornado uma ameaça: Seokjin.
O prefeito não deixou apenas nas mãos da polícia e aquela gangue estava de volta aos arredores da cidade. E pela primeira vez a população de Jacksonville não se intimidou com aquelas motos subindo e descendo as ruas como uma grande patrulha.
Annie convenceu a todos que isso foi um presságio. Iríamos sofrer uma onda de acontecimentos ruins, porque o pecado tinha sido consumado naquela cidade.
Era óbvio que ela tornaria qualquer coisa fora do comum como um castigo divino por seu filho ter saído da igreja. E novamente trouxe aquela mistificação em cima de Jungkook, o padre.
Mesmo que ele não tivesse nenhum vínculo com a igreja. Ainda existiam algumas pessoas que acreditavam fielmente de que ele, era um instrumento de Deus e que graças ao seu pecado a cidade iria as ruínas.
E o pesadelo em ter seu nome associado ao sacerdócio nos rondava mais uma vez.
Agora, voltamos a ser como antes. Escondidos como dois fugitivos enquanto as pessoas alimentavam a loucura de uma beata e suas seguidoras.
Isso nos trás até aqui, trancados dentro de casa enquanto meus pais eram arrastados por Annie para a missa, com a desculpa de que Deus voltaria a nos abençoar se todos nos estivéssemos em comunhão.
E o que me deixava mais aflita, era não saber o que se passava na cabeça de Jungkook. Tudo aquilo o afetava, por mais que tentasse demonstrar que não se importava com o que acontecia ao nosso redor, era nítido seu olhar vago enquanto conversávamos sobre alguma coisa banal, até mesmo o brilho que surgia em sua íris ao saber que alguém acreditava nele, como se precisasse da validação de outro para ser uma boa pessoa.
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Desejos de um padre • JJK version
Hayran KurguVocê é como um sonho, você é o meu sonho! Largue sua batina e venha junto comigo. Vamos estar onde o sol aquece o céu, assim como você aquece meu corpo. Onde nenhuma pessoa possa nos julgar pelo o que somos, pelo o que sentimos. Onde você seja ape...