Same old song

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POV MELLANY PIERCE

Minha alma estava lavada com os dois tapas que acertei em cheio na cara da beata, eu deveria ter batido muito mais naquela vagabunda, ela me devia toda aquela desconfiança desde a primeira vez que nos encontramos.

Por outro lado, a fala pacifista de Jeon Jungkook em me manter fora de confusões, fez com que pensasse muito mais sobre minhas atitudes do que a dele. Era natural que não quisesse um escândalo na casa de Annie e na frente do nosso filho, e também, era inaceitável pensar que ele faria alguma coisa com aquela mulher. Isso demonstrava uma desconfiança que não poderia existir entre nós dois, assim como tínhamos superado todo passado com Seokjin. Deveríamos, esquecer de que aquele "erro" -como gostou de frisar essa palavra várias vezes- fosse algo que ficasse entre a gente.

Não existia uma terceira pessoa naquele relacionamento e jamais iria existir.

Então, eu não arranquei os cabelos daquela puta durante o café da manhã porque eu tive plena consciência de que por mais que ela desejasse ou tentasse, Jungkook, em hipótese alguma seria dela.

Jungkook não é o problema, ele é a solução.

Encarei aquela situação como um processo de evolução, se eu confio no meu homem, não deveria ter medo de alguém tão insignificante. Não posso cobrar por um passado que não vivi, de fato, não me importava saber sobre o que tiveram e a dor que existiu foi na forma em que ele omitiu tudo aquilo.

Aquela mulher já pagava pelos próprios pecados em vida, porquê a tornaria pior se depois de alguns dias estaríamos fora daquela cidade. E o pesadelo teria um fim.

— Não precisa fazer isso, querida. -Annie encosta as mãos em meu braço esquerdo tentando me impedir de continuar lavando a louça — Você é uma visita, não pode fazer essas coisas.

— Tudo bem -viro o rosto com um sorriso em sua direção — Preciso fazer alguma coisa, não consigo ficar parada.

Ela afagou meu braço devolvendo o sorriso. Esgueirou-se devagar para o lado ficando encostada na pia, deixou seus braços na frente do corpo juntando as mãos.

— Seus pais chegaram. -balbuciou — Eu os vi pela janela hoje mais cedo.

— Pensei que estavam em casa.

— A luz da varanda? -balanço a cabeça e ela ri amarelo — Acho que dessa vez ela esqueceu. Sua mãe sempre teve a cabeça um pouco avoada.

Annie falava saudosa, eu sabia que mesmo tendo sido uma pessoa difícil. Aquela amizade das duas parecia nutrir o que restava na sua vitalidade, e nítido vê que boa parte do seu sofrimento, a entrega a doença, e principalmente a forma de se sentir incapaz, vinha da solidão que construiu sozinha dentro do seu coração.

Era fácil, morava ao lado de Emma, poderia tentar se desculpar como das outras vezes, dar o braço a torcer e ter a amizade de sua de volta.

— Porque você não falou todas aquelas coisas pra ela? -fui direta — Sabe que Emma não recusaria sua amizade, não é da sua índole abandonar os amigos.

— Existe coisas que não tem perdão. -olhou para as próprias mãos, suspirando — Eu errei muito, fiz coisas que machucaram muitas pessoas e eu não quero que essas pessoas me perdoem por me verem nessa situação.

— Ela sempre esteve com você.

— E com você. -refutou, desliguei a torneira e tirei as luvas de borracha as deixando de lado. Não, é algo que deveríamos discutir aquela manhã. — Está tentando passar despercebida por aqui, não é?

Desejos de um padre • JJK versionOnde histórias criam vida. Descubra agora