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Minha cabeça doía tanto que eu não conseguia abrir os olhos. A claridade parecia estar três vezes mais intensa essa manhã. Na noite anterior só me lembro de beber muito com a Valerie e nada mais.

– Você está só o pó amiga. – Valerie disse e riu logo em seguida. Me levantei da cama igual um zumbi.

– Ah, eu sei. Não posso nem discordar. – ri.

– Eu também estou. Não quero me olhar no espelho porque tenho medo de me assustar. – rimos.

– Calem a boca, eu quero dormir! – Gina gritou e jogou o traveisseiro em mim. Valerie fez uma careta e eu ri. A mesma cochichou para irmos para fora e fomos.

– Como está se sentindo? Ontem você se chateou bastante. – eu perguntei a ela enquanto estávamos paradas no corredor.

– Eu não sei muito bem, mas acho que estou melhor do que ontem. – comentou – Só acho que preciso de uma xícara de café quente e tudo estará bem. – a mesma começou a descer as escadas e eu ia logo em seguida, mas Shawn apareceu no corredor apenas de calça moletom cinza e sem camisa. Eu fiquei admirando a imagem daquele homem vindo em minha direção.

– Bom dia. – disse. Ele me olhou, andou até mim e sorriu.

– Bom dia. – passou as mãos nos cabelos – Está de ressaca? – riu.

– Preciso de aspirina. – ri e cruzei os braços.

– Você apagou nos meus braços no barco. Estava mesmo mal. – explicou. Eu não lembrava de apagar nos braços dele, mas me veio alguns flashs dele me segurando.

– Ah, me desculpe. – estava envergonhada.

– Não se desculpe. – apertou o maxilar – Estava muito engraçada e divertida. – sorrimos um para o outro em uma sincronia perfeita.

– Bom dia! – Anne passou e beijou o rosto dele. Aquilo me fez desviar o olhar e fechar o sorriso.

– Vou buscar a aspirina. – disse e sai imediatamente. Desci as escadas e não havia ninguém na sala e nem na cozinha. Todas estavam dormindo. Valerie se encontrava na área da piscina bebendo seu café e tomando sol. Ela estava mesmo mal. Não queria interromper, até porque ela precisava de um momento sozinha. Fui até a geladeira, peguei um copo de água e um remédio na gaveta. Tomei o mesmo na esperança de que minha dor de cabeça, ou melhor, minha ressaca, passasse logo.

– Essa noite você se revelou em garota! – Donna apareceu. Olhei para ela sem entender.

– Como assim?

– Dançou, bebeu, se divertiu e se entregou. – riu – Você é divertida no fim das contas. – abriu a geladeira e tirou um copo de suco.

– E eu estou pagando por ser divertida agora. – ri ao mencionar a aspirina.

– Ah, isso passa com mais uma cerveja. – disse.

– Obrigada,  mas acho melhor eu esperar mais uns dias pra beber novamente. – revirei os olhos e ela riu. Donna parecia descontraída. Ela não me provocou e nem mesmo foi grossa. Isso era estranho. Pensei que esse seria o momento perfeito para perguntar mais sobre a tal Savana que ela mencionou outro dia.

– Donna, eu tenho algumas dúvidas na cabeça e queria que você me ajudasse. – disse e ela me olhou.

– Sim? – deu um gole no suco.

– Não quero que se irrite comigo, mas preciso saber mais sobre a garota que disse que eu lembrava. – ela ficou séria.

– Deixe a Savana de lado, sério, pro seu bem. – disse quase que em um cochicho.

– Eu quero saber quem ela era, só isso! – pedi. Donna abaixou a cabeça pensativa. Pareceu se abalar outra vez ao se lembrar dela. Então presumi que Savana era realmente muito importante. Pensei que Donna insistiria no silêncio mais uma vez, mas quando ela levantou o olhar e se aproximou eu entendi que ela revelaria algo.

– Ela era a minha melhor amiga quando tínhamos dezessete anos. Savana era doce e gentil com todos. Nunca conheci alguém tão pura e mágica como ela. – sorriu – Ser amiga dela era como ser alguém especial e isso me fazia feliz. Ela me fazia ser especial!

– E onde ela está? – perguntei e ela me fitou com um olhar duro.

– Ela morreu! – disse fria, mas eu sabia a carga que isso causou nela só pelo olhar.

– Ah, meu Deus! – me senti péssima – Sinto muito.

– E caso esteja se perguntando oque Shawn e ela eram um do outro. – pausa – Eles namoravam nessa época.

– Na época da morte dela? – perguntei pasma com tudo.

– Sim. – confirmou. Então eu percebi que Shawn tinha um luto dentro dele. Perdeu alguém que amava e isso o fazia criar barreiras para um novo amor.

– Isso é triste. – disse sem muitas palavras.

– É muito mais triste do que você pensa. Não pense que desvendou ele só por saber dela. Essa história vai muito mais além do que eu te disse. – rangeu os dentes – Então não toque no nome dela com ele!

– Ok. – respondi assustada. Donna apenas saiu imediatamente da cozinha e me deixou. Fiquei imaginando várias coisas a respeito. Savana era uma antiga namorada dele que morreu e isso realmente apertou meu coração. Poderia ter criado barreiras nele que fossem difíceis de passar. Eu não tinha direito de julgar o seu luto, até porque eu nunca passei pela mesma coisa, mas acho que Shawn tinha que saber superar e seguir em frente de alma aberta.

(...)

Era tarde, as meninas estavam vendo um filme todas juntas, menos eu e Valerie. Eu estava sentada no jardim e Valerie na cama sofrendo pela Mandy.
Ela ficou extremamente chateada que Mandy não falou com ela o dia todo e resolveu se trancar no quarto.
Já eu, estava com muita vontade de falar com Shawn sobre tudo. Sobre nós e sobre Savana. Mas eu tinha medo de falar sobre essas coisas e ele agir diferente comigo. Então achei melhor ficar na minha.

– Camila? – vi alguém me gritar e era Shawn. Ele estava saindo pela porta principal e eu estava logo ali sentada no balanço.

– Vai sair? – perguntei.

– Sim, vou a um jantar de negócios. – disse ainda de longe. Não se aproximou. Shawn estava ajustando sua gravata e parecia esperar alguém.

– Hum, entendo. – sorri. Ele olhou para a porta e depois olhou para mim. Pareceu confuso se se aproximaria ou não.

– Estou pronta! – a porta se abriu e Gina saiu de dentro da casa. Usava um vestido preto, de alcinhas, extremamente colado no corpo que batia um pouco acima dos joelhos. Estava linda como sempre. Shawn olhou para ela e a mesma foi até ele.

– Até amanhã! – ele disse e se virou para pegar o braço dela. Gina olhou para mim, sorriu e deu uma piscada com o olho esquerdo.

– Boa noite, irmãzinha! – disse e entrou no carro com ele.

Eu não sabia mais como suportar isso sem surtar. Quando ele disse "até amanhã" eu imaginei que era porque não passariam a noite na mansão. Ele iria levá-la ao jantar e depois a algum lugar bonito para transarem e ficarem juntos. No mesmo instante eu chorei. Não desesperadamente, mas apenas abaixei a cabeça e deixou a lágrima cair. Ver a minha melhor amiga sair com o homem que eu amava estava ainda pior do que vê-lo sair com as outras onze. Isso machucava. E o pior era que Gina não tinha culpa, nem mesmo ele tinha culpa!

A culpa era toda minha por me apaixonar por um homem sabendo que eu era apenas mais um dos seus contratos!




Pessoal, por favor, sei que amam essa fic, mas quando acabar eu focarei em COMEBACK. Então me dêem uma força e vão ler ela. Eu garanto que vão gostar da história e de tudo que eu vou fazer acontecer!

Só porque vocês vão dar uma olhadinha eu postei mais um cap hoje em hehehe! Autora generosa vocês encontram aqui!

A good corrupted girl  Onde histórias criam vida. Descubra agora