66

574 82 68
                                    

Por mais que imaginassem que eu estivesse triste, eu não estava. Na verdade, eu havia me conformado. Claro que doía. Oh, meu Deus, doía pra caralho! Shawn tinha partido meu coração, mas eu já sabia que ele partiria. Isso ajudou a ser um pouco menos doloroso. Eu estava arrasada, mas era muito melhor dizer e sair dessa tortura que continuar a ver ele com as outras garotas.

— Como assim indo embora? — Anne perguntou ao me ver arrastar a mala pelo corredor.

— Quebrei uma regra. — disse sem muitas explicações.

— Mas que regra? — arqueou a sobrancelha me seguindo pelo corredor.

— Eu me apaixonei pelo maldito Shawn Mendes! — ri.

Anne não entendeu minha risada e parou de perguntar. Desci as escadas rapidamente e ela me acompanhou ainda perdida.

— Vai viajar? — Donna perguntou quando cheguei na sala.

— Uhum. — sorri irônica — Por muito tempo.

— Ela está indo embora. — Anne explicou.

Donna não pareceu surpresa. Deu um sorriso de canto e lambeu o lábio inferior sem esconder a felicidade.

— Mas você já sabia que isso aconteceria. — encarei a mesma — Não é?

— Não vou negar que sabia. — pausa — Você quis ser algo que não pode ser. Tentou ocupar um lugar que não deve ser ocupado.

— Sabe oque me deixa melhor? — andei até ela — É saber que eu não vou passar a minha vida aqui tentando ocupar esse lugar como você. — pausa — Ele não ficou comigo, mas eu ainda vou ter uma vida. Você vai perder a sua tentando algo que não vai acontecer. Deprimente, muito deprimente Donna. — sorri.

— Abusada! — afrontou rangendo os dentes.

— Ah, e mais uma coisa. — peguei minha mala e andei até a porta — Você precisa explicar ao Shawn sobre ter me oferecido aos empresários mesmo estando em um contrato com ele.

Donna me encarou assustada. Ela não podia acreditar que eu tinha dito a ele. Fazia algum tempo, mas me lembrei disso na hora certa. Eu estava me sentindo tão diferente que resolvi afrontar a todos, até mesmo ela. Já que eu sairia, sairia por cima.

— Vai embora, esse não é seu lugar garota. — disse, aparentemente nervosa.

— Não mesmo! — sai da mansão.

Olhei mais uma vez para a mansão e me lembrei dos bons momentos nela. Quando me diverti com a Valerie e até mesmo com o Shawn. Sorri por um segundo e depois senti as lágrimas saindo ao ver que ele me olhava pela janela. Shawn me encarava através de uma cortina branca, quase transparente. Meu coração ficou apertado. Por um segundo imaginei que ele me gritaria, mas não foi assim. Me virei para Campbell dando as costas para ele.

— Pode me fazer um último favor Camp? — pedi.

— Claro, senhorita.

— Me leve até onde deixou a Valerie e a Mandy.

Olhei mais uma vez para a janela e ele não estava mais lá. Abaixei a cabeça e entrei no carro.

[...]

Eu não tinha ninguém. Sempre fui sozinha no mundo e só passei a ter laços na mansão. Onde eu conheci a Valerie e a tive como uma grande amiga. Era para ela que eu correria agora. E o lado bom era que eu sabia que poderia correr para ela.

— Camila? — disse ao abrir a porta do seu quarto alugado.

— Posso entrar?

— É claro! — entrei — Sentiu saudades em três dias apenas?

O quarto era de tamanho mediano. Tinhas paredes amareladas e alguns móveis velhos, mas era bem aconchegante.

— Eu sai da mansão. — disse me virando para ela.

— Minha nossa! — caiu o queixo — Mas o que aconteceu?

— Muita pra contar. — bufei me sentando na cama.

Eu disse tudo a ela. Desde quando ela saiu até o momento da minha partida. Valerie ficou surpresa em saber de tudo. Ela revelou que acreditava que Shawn pudesse mudar o seu jeito por mim. Eu ri quando ela disse isso. Eu já não acreditava como ela.

— Olha, se quiser pode ficar com a gente. — ofereceu muito caridosa.

— Na verdade, eu não tenho mesmo onde ficar. — torci a boca — Mas se eu foi incomodar posso dar um jeito.

— Claro que não. — rolou os olhos — É apenas um quarto, mas por enquanto. Mandy está numa entrevista de emprego em uma lanchonete e eu estou aguardando a resposta de uma loja de jóias. Quando tudo der certo iremos alugar um espaço maior.

— Eu prometo que também vou procurar um emprego, mas enquanto não consigo eu posso vender algumas coisas que ele me deu que estão na mala. — ri — São roupas de marcas muito caras. Da uma boa grana.

— Por favor, não se preocupe com isso agora. — segurou minhas mãos — Só quero saber se está bem.

— Não sei. — pausa — Eu me sinto triste, mas eu já imaginava que isso aconteceria. Era como se eu esperasse pelo pior mesmo acreditando no melhor.

— O melhor foi você sair da mansão. — sorriu — Você é boa demais pra dividir ele com as garotas. Ainda não teve outra perspectiva de vida sem ser ao lado dele. Você ainda é jovem e vai ganhar muitas coisas. 

Valerie me fazia bem de uma forma diferente de todas as outras. Seu jeito doce e otimista de ser encantava a todos. Apenas sorri e abracei a mesma.

— Obrigada.

— Mas sabe qual foi a melhor parte? — pausa — Você ferrou com a vaca da Georgina. — riu.

— Eu não consegui segurar. — expliquei.

— Espero que ela seja expulsa. No mínimo isso! — cruzou os braços.

— Não desejo o mal a ela. Foi uma grande decepção, mas depois de tudo eu só quero que ela suma de Los Angeles e fique bem, mas longe.

— Bota longe nisso!

— Mas e a Donna, será que será expulsa? — franzi a testa.

— Não sei, ela e ele tem algum vínculo especial. Donna tem algo como uma carta de alforria com ele.

— É. — resmunguei desanimada.

— Mas agora você tem que pensar no futuro! — tentou me animar.

— Sim, mas só por hoje eu quero ficar na sua cama sofrendo um pouco. — ela riu.

— Pois então eu vou comprar sorvete e vamos falar muito mal de todos eles. — pausa — É isso que amigas fazem!

Valerie se juntou a mim e ficamos conversando. Por mais que eu estivesse magoada, com ela eu me sentia um pouco melhor.
Eu não tinha ideia do que fazer da minha vida desde que decidi sair da mansão. Valerie me dava uma luz.
Eu só esperava que Shawn pudesse mudar algum dia. Viver como ele era deprimente. Na aparência parece muito divertido, mas viver rodeado de pessoas quais não o conhecem verdadeiramente e nem o amam, era mesmo muito triste. Eu ainda o amava, mas não me sujeitaria a tudo aquilo outra vez.

A good corrupted girl  Onde histórias criam vida. Descubra agora