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Valerie me disse que eu deveria rever a minha amizade com Georgina. Foi exatamente oque eu fiz o dia inteiro. Mal comi ou sai do quarto. Fiquei me lembrando de tudo que passamos juntas no orfanato e do laço forte que criamos. Ou melhor, que eu pensei que criamos.

No orfanato éramos unha e carne. Juramos nos procurar caso fôssemos afastadas. Quando ela foi adotada a minha vida virou um inferno. As garotas implicavam comigo e eu não sabia me defender porque ela quem me defendia. Fiquei totalmente apagada sem ela. Eu não deveria deixar que uma outra pessoa me defendesse ou falasse por mim. Eu deveria ser minha própria força e voz. Acho que por conta disso que acabei nessa situação.

–– Você está bem? Não vai jantar? –– Valerie foi até a minha cama.

–– Estou revendo a minha amizade com ela. –– me sentei –– A gente sempre foi tão unha e carne.

–– E em que momento tudo mudou?

–– Quando ela foi adotada. –– lembrei –– Ela já era velha demais e foi muito estranho a adoção dela. Mas ok, ela foi com um casal e nunca mais a vi desde então.

–– Ela pode ter mudado nesse tempo.

–– Ou talvez não. –– raciocinei –– Ela sempre foi assim, mas antes eu não via como ela me manipulava pra estar no controle. Quando éramos mais jovens ela me defendia, falava por mim e até escolhia as minhas roupas. Isso parecia amizade, mas era só ela controlando tudo.

–– Ela é dissimulada. –– comentou.

–– Eu não quero mais estar na sombra dela.

–– E então vai fazer oque com essa questão?

–– Vou bater de frente. –– afirmei.

–– Como?

–– Ela deve estar adorando que eu tenha ficado aqui enquanto ela está com ele em Paris, mas quando voltarem eu não vou ficar como ela espera que eu fique. –– suspirei –– Eu vou agir normalmente, mas não vou mais me afastar dele.

–– Então vai dar um amasso nele para se vingar? –– perguntou com uma voz brincalhona.

–– Não para me vingar. Só não vou engolir os meus desejos por causa dela. Ela não fez isso por mim.

–– Justo. –– sorriu e se levantou –– Mas até eles voltarem você não pode ficar na cama como uma doente. –– puxou minha coberta para o chão.

–– Já está noite. Quero dormir. –– ri.

–– Você já ficou o dia todo nessa cama. Está na hora de se levantar. –– me puxou –– Já que quer que não te vejam abalada tem que treinar isso. Vamos nos divertir lá em baixo e esquecer um pouco esse assunto.

–– Divertir? –– franzi a testa.

–– Estamos brincando de verdade ou desafio. –– passou um olhar malicioso e riu –– Mas são coisas bem suaves, fica tranquila.

Eu tinha medo do que elas consideravam "suave". Valerie me arrastou para a sala e eu acabei indo. Precisava mesmo pensar em outra coisa que não fosse Shawn e Georgina em Paris.

–– A santinha vai brincar também? –– Janine, me implicando, disse.

Me sentei junto com Valerie no chão. Fiquei no meio dela e de Anne. Janine me encarava com aquele olhar irônico e frio. Parecia que ela tinha algo contra mim e eu realmente não sabia oque era. Pensei em ignorar aquela cretina, mas eu precisava ter voz própria e saber me defender.

–– Eu aposto que brinco muito melhor que você. –– a encarei com um sorriso largo no rosto.

–– Uh, podia ficar sem essa Jani. –– Mandy disse fazendo todas darem risada.

A good corrupted girl  Onde histórias criam vida. Descubra agora