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Eu imaginava que ser livre era diferente. Não pensei que eu teria que fazer escolhas difíceis para poder viver. No orfanato eu sempre fazia oque me diziam. Depois que me soltaram no mundo eu fiquei sem chão. Não me prepararam para a vida. Apenas me ensinaram a rezar e a agradecer. E por mais que eu adorasse fazer isso, não era o suficiente para viver.

– Pega a minha bolsa, por favor. – uma delas pedia a outra em meio a confusão de malas.

Hoje era o dia de verem suas famílias. Shawn deu o final de semana todo para que elas viajassem e vissem seus entes queridos. Na verdade, eu também tinha esse direito, mas não tinha a quem visitar. Eu não tinha uma família.

– Jura que não quer ir comigo? Minha família iria adorar você. – Valerie segurava minha mão.

– Esse momento é seu e deles, não se preocupe comigo. Eu posso conhecer sua família em outro dia. – sorri.

– Mas vai ficar sozinha nessa mansão? – Valerie parecia se preocupar muito comigo. Eu gostava disso. Ela era uma boa amiga para mim.

– Georgina também vai ficar. – respondi – Não estarei sozinha, vou ficar bem aqui. – Valerie revirou os olhos quando eu disse sobre a Gina. Ela tinha pegado uma certa implicância com ela. Aliás, Gina não era fácil mesmo, mas esse era o jeito dela.

E a órfã fica. – escutei Janine comentar com Tracy rindo. Eu estava impaciente com ela. Não queria um confronto, mas Janine me dava nos nervos com seus comentários desnecessários.

– E a galinha vai pro galinheiro. – Valerie respondeu por mim e rimos. Janine fez um olhar duro e deu de ombros saindo de perto de nós. 

– Aproveite o fim de semana. – abrecei Valerie carinhosamente depois de irmos horrores. 

– Se cuida. – a mesma sorriu, pegou sua mala e foi direto para o carro que a esperava.

– Essa mala está pesada! – Gina arrastava uma mala grande para fora e eu fui ajudá-la. Depois de um esforço, descemos ela na escadaria.

– De quem é essa mala? – perguntei.

– Minha, é claro! – disse como se fosse óbvio. Franzi a testa sem entender muito bem.

– E você vai pra onde? – arqueei a sobrancelha – Você me disse que não gosta das pessoas que adotaram você.

– Vou pra casa de um amigo. – respondeu calma.

– E Shawn sabe disso? – pelo que eu sabia, ele costumava deixar que fossem para suas famílias e não para amigos. Não que isso fosse proibido, mas ele também não acharia uma boa ideia.

– Não, e você não vai contar a ele. – me abraçou – Eu preciso mesmo ir pra esse amigo. Não é nada demais, eu prometo. – beijou meu rosto.

– Ok, mas se cuide Gina. – disse receosa – Não faça nada errado, você é importante pra mim. – ela sorriu com minha preocupação e me abraçou novamente. Em seguida, pegou sua mala e arrastou até o carro sumindo da minha vista.

Por mais que ela me causasse ciúmes quando estava com Shawn, não conseguia não amá-la. Georgina era a pessoa mais próxima que eu tinha de uma família e mesmo com todo resto, eu me sentia menos estranha tendo ela comigo.
A parte ruim em ela ter ido era que eu estava oficialmente sozinha na mansão. Todas as outras tinham ido e eu, bom, eu não tinha para onde ir. Isso era algo que me chateava.

– Senhorita, deseja beber algo? Vejo que ficou apenas você na mansão. – Campbell disse ao me ver sozinha na frente da casa.

– Ah, não quero, muito obrigada. – sorri.

A good corrupted girl  Onde histórias criam vida. Descubra agora