Capítulo 62

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Passava as mãos pelos cabelos de forma nervosa enquanto respirava fundo, minhas pernas tremiam sem parar mas eu continuava de queixo erguido não querendo demonstrar o quão nervosa e assustada estava. Era agora, o dia que mais rezei pra que nunca chegasse, sem dúvidas estar aqui frente a frente com o Seung depois de tanto tempo e tendo que ter aquele tipo de conversa era agonizante. Eu queria jogar tudo pro alto, pegar meu filho e ir embora para as Maldivas e... Talvez desse tempo de fazer isso né? Não Lilian, foco, você agora é uma mulher adulta e deve agir como tal. Droga, por que eu preciso enfrentar situações problemáticas que criei justamente para fugir de problemas desse tipo? Eu sou péssima nisso de adulta, quero voltar a ser adolescente para culpar minha pouca idade por todas confusões que me meto.

-Então, estou esperando.- com os braços cruzados e me olhando da forma mais sarcástica possível eu conseguiria sentir de longe o ódio que a criatura estava sentindo.-A que devo a honra, Lilian?

Falou meu nome, é, ele realmente estava sentindo ódio puro. Mas também o que eu esperava depois de tudo isso? Beijinhos, abraços e um convite pra comer pizza? Sim, eu internamente desejava que essa conversa fosse assim. Sonhar não custa nada.

-Não se faça de sonso, você sabe muito bem o porque de depois de anos eu estar bem aqui na sua frente.- desviei meus olhos dos dele tentando focar no vaso azul que tinha em uma estante atrás dele, qualquer coisa que me distraísse e me acalmasse era bem vinda.

-Me fazer de sonso? Me desculpe mas acho que a única pessoa que tem essa capacidade aqui é você.- seu tom de voz era ácido e aquilo fez eu engolir em seco. -Sabe, eu encontrei seu irmão um dia desses e tivemos uma conversa muito interessante. Cem dólares se acertar a pauta da nossa conversa.

Soltou um riso anasalado em puro sarcasmo e eu trinquei a mandíbula com força, eu tinha esquecido como era irritante quando ele estava com raiva e tentava dar uma anti herói irônico e sexy. Certo, no passado aquilo me desestabilizava um pouco e confesso que adorava mas agora eu só torcia pra isso acabar logo.

-Tempo esgotado, acabou de perder as cem pratas.- olhei para seu rosto apenas para ver seus olhos flamejantes de raiva, novamente dei atenção para o vaso tentando não parecer nem um pouco abalada.- Dei parabéns a ele porque soube que vai se casar com a Viollet, achei que ele estava com raiva pelo passado, que fosse me socar quando me visse mas na verdade ele apenas ficou nervoso. Tão nervoso que me fez ficar desconfiado. Até que toquei no seu nome falei soube sobre seu casamento, filho... E sabe o interessante? Ele não sabia sobre casamento nenhum, foi ai que eu notei que você estava mentindo mas a pior parte é que não mentiu só sobre o casamento. Mas sabe qual foi minha maior surpresa? Descobrir que o filho existia e que na verdade era meu.

Naquele momento nem o belíssimo design do vaso conseguia me distrair, eu sentia todo meu estômago se revirar e minhas mãos suavam frio. Sabe aquela sensação de estar tão nervosa que acha que a qualquer momento vai fazer xixi nas calças? Pois bem, era assim que eu me sentia e não desejo essa sensação nem pro meu pior inimigo... Mesmo que a Belle seja uma vaca/piranha, carinhosamente nomeada de vacaranha por mim.

-Não vai falar nada? Se fazer de idiota como sempre fez quando finalmente é pega mentindo? Não vai negar que foi uma puta egoísta escondendo de mim a paternidade da criança?- ele se aproximou de mim exalando raiva e eu continuava olhando para o lado, apenas dei de ombros não o respondendo nada.- Você é infantil pra caralho, os anos se passam mas você não munda nunca. Eu sabia, sabia que você era infantil, mimada, birrenta, orgulhosa, cínica mas egoísta?

Me olhava com descrença negando com a cabeça e eu me sentia tão mal com tudo aquilo que tudo que fiz foi dar um passo para trás recuando da súbita aproximação dele.

Meu melhor amigo gayOnde histórias criam vida. Descubra agora