Capítulo 60

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Eu olhava pro Caleb atônita, não podia acreditar que ele tinha feito aquilo comigo, na verdade me sentia traída por ele. Mas a principal coisa que dominava meu pensamento e todo meu corpo era o medo. Seung sabia sobre o Alec e ele poderia o tirar de mim quando quisesse. Eu sabia que era irresponsável e imatura por esconder dele o fato de que quando foi embora não apenas me deixou mas também um filho que nem imaginavamos que existia. Eu vivia mentindo pro meu filho sobre o pai e sabia que um dia a hora da verdade iria chegar mas sempre torcia pra que isso não acontecesse, eu sempre pedia a todas as divindades que existem para que aquele dia nunca chegasse mas como sempre o universo adora transformar minha vida em uma bela novela mexicana cheia de tramas e reviravoltas.

-Eu vou dormir. Já está tarde.- falei me levantando com cuidado para não acordar o Alec e com dificuldade o peguei nos braços para o colocar na cama.

Na sala reinava um silêncio absoluto e todos me encaravam  apreensivos e com expectativa, acho que se preparavam para que eu surtasse e saísse atirando os meus móveis pela janela ou usasse o extintor de incêndio pra assassinar o meu irmão, mal sabem eles que o extintor é muito pesado, eu tentaria usar a faca de manteiga.

-Você vai... Dormir?- Liam me encarou totalmente confuso.

-Sem gritar com o Caleb?- Vivi era outra que não acreditava no que via.

-Sem surto?- dessa vez era Bryan que me encarava com estranheza.

-Sem tentativa de assassinato?- Isobel até derrubou um pouco de vinho na roupa de tão em choque que estava.

-Gente, ela não tá bem não. Bryan, me dá o número daquele cara que concertar eletrônicos que tu me recomendou, acho que deu problema na placa mãe da morena.-Derek até se levantou e caminhou até onde eu estava colocando a mão em minha testa.- Com febre ela não tá, o susto foi tanto que ainda não processou a notícia?

-Eu tô bem gente.- falei suspirando com pesar e comecei a caminhar com dificuldade até o quarto do Alec, preciso entrar no crossfit pra aguentar com o peso desse menino. Os desgraçados nem pra me ajudar a levar ele pro quarto, que bela espécie de homens né.

-Lia... Vamos conversar, eu...

-Não Caleb, agora não.- o interrompi e comprimi meus lábios virando pra ele.- Você é meu irmão, sei que se fez isso foi porque achou que era o certo e o melhor a se fazer mas agora eu tô muito puta com você. Puta pra um caralho, só pra deixar claro minha vontade é de enfiar meu salto novinho da Dolce e Gabbana na sua garganta ou orifício anal. Eu tô com medo, confusa, com raiva e me sentindo culpada mas... Eu sei que tô errada e você tá certo, então é melhor eu ir pra não descontar nada em vocês.

Sorri sem mostrar os dentes e finalmente segui caminho até o quarto do Alec. Assim que o coloquei na cama e o cobri me sentei no chão ao lado da cama para o observar dormindo. Eu estava assustada, achei que os sentimentos fossem mais claros quando a gente vira adulta mas parece que tudo só piora. Sim, eu sabia que Seung tinha direito de saber do Alec e o conhecer se assim quisesse mas eu fui uma puta orgulhosa o escondendo todos esses anos. Sei que todos os meus amigos devem achar que fiz tudo por vingança e despeito por ele ter me abandonado mas não era bem assim. Confesso que no começo fosse um pouco disso mas na verdade eu sentia medo. Quando acreditei nele e o esperei voltar eu tinha esperanças, quem sabe até a gente virasse aquelas famílias de comercial de margarina, mas quando ele descumpriu a promessa que me fez e até mesmo estava com outra lá eu desabei, aquele não era mais o homem que eu conhecia e aquilo me assustava. Se ele não era mais meu Seo quem me garante que ele iria aceitar meu filho? E se ele simplesmente rejeitasse nosso Alec alegando que não queria ser pai ou sei lá que eu o tinha traído com algum outro asiático gostoso. O fato era que estava tudo bem eu ser rejeitada, mas eu não queria que meu filho crescesse com a sensação de ter sido rejeitado. Sem contar que eu também tinha medo que ele levasse Alec embora, eu sabia que a família do Seung era cheia da grana e não há nada que o dinheiro não compre, sem falar que quando o vi com aquela aliança no dedo o meu medo só se mostrou ser mais real. Ele tinha uma família, ele poderia dar uma família ao Alec e o que eu podia oferecer? Era só uma adulta desajustada que ainda não tinha conseguido superar totalmente a adolescência. Sei que é egoísmo da minha parte e que eu devia querer o melhor pro meu filho mas desde que eu soube que existia um serzinho vivendo dentro de mim, eu o amei, eu o amo incondicionalmente e não consigo nem me imaginar longe dele.

Meu melhor amigo gayOnde histórias criam vida. Descubra agora