Capítulo 46

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Era o dia do baile de formatura mas meu ânimo para comparecer a essa incrível festa era zero. Meu pensamento estava em um certo coreano que nesse exato momento deve esta terminando de arrumar as malas. Pelo menos eu pude aproveitar nossos últimos momentos juntos, vou sentir falta dele.  Era estranho pensar que eu finalmente estava dando os primeiros passos para vida adulta, mas era algo bom. Nunca mais vou precisar passar horas da minha vida olhando pra cara de pessoas que claramente me odeiam e eu obviamente odeio elas. Se bem que já me falaram que na faculdade o que mais você sente é raiva, ódio de geral. Mas se eu suportei estudar a vida toda com a filha de satã com toda certeza sobrevivo a faculdade.

-Lia, já tá pronta?- desvio o olhar do filme e encaro a Vivi, que aliás estava linda em um vestido vermelho longo.

-Olha só que rainha, que pitelzinho hein? Fiu fiu, desse jeito meu irmão não aguenta.-bati palmas pra ela fazendo um sinal de "okay" com as mãos logo depois, look aprovadíssimo.

-Para, nem me arrumei tanto.- ela diz toda modesta mas para de frente ao meu espelho se olhando.-Mas que a verdade seja dita, tô uma gata mesmo.

Ela começa a fazer caras e bocas "sexys" na frente do espelho enquanto eu rolo de rir. Se aquilo fosse o modo sexy dela, eu tenho é pena do coitado do Caleb. Ela parecia aqueles travecos que ficam na beira da estrada tentando chamar a atenção de algum cliente.

-Amiga, para que tá feio. Não tenta ser sexy nunca mais na sua vida pelo amor de Zeus.-fiz careta rindo e joguei meu travesseiro nela. A doida tava quase estuprando meu espelho. -Para de se esfregar nos objetos e vai se esfregar no objeto que meu irmão tem no meio das pernas.

-Lilian!- ela arregala os olhos me encarando envergonhada.

-Ué, tô mentindo mana? Vocês ficam cheios de cu doce mas na verdade tu ta louca pra dar e ele pra comer. Se peguem, procriem, se amem, transem, se comam, treprem, liberem a rodadinha um pro outro e sejam felizes.- reviro os olhos abraçando meu tubarão de pelúcia.

Eu já não aguentava mais tanto cu doce. Pelo amor de Deus, alguém faz esses dois se pegarem agressivamente por seis horas seguidas sem parar? Só assim acabam com esse fogo no rabo. Não tenho paciência pra esse chove não molha não, comigo é oito ou oitenta. É tanto cu doce que as formigas fazem fila atrás deles.

-Dá licença que não sou como você. Eu sou pura, moça de família. - Viollet resmunga jogando o travesseiro de volta em mim.

-Pura safadeza e fogo no rabo né? E quem te disse que puta também não tem família? A prova viva disso é Belle.- sorri cínica dando de ombros.

-Deixa de ser retardada e vai se arrumar pro baile.- Vivi revira os olhos impaciente indo mexer nas minhas roupas, provavelmente procurando alguma roupa pra eu usar no baile.

-Não vou pra baile nem um, nem adianta insistir.- enchi a boca de salgadinhos voltando a prestar atenção no filme.

Não sei se é porque tô na bad, mas entendo perfeitamente a menina do filme Two-Bit Waltz. Abandonada pela amiga, levou um pé na bunda do namorado e não sabe o que fazer da vida. Hoje estou oficialmente deixando minha vida como uma colegial mas não faço ideia do que fazer. Aos cinco anos eu tinha certeza que queria ser uma princesa cantora, meu mundo caiu quando na escolinha a professora disse que pra ser princesa eu tinha que fazer parte da realeza britânica e sobre a parte de ser cantora... Acho que cara de sofrimento dela quando fui cantar Somewhere over the rainbow deixou bem claro que com toda certeza Britney Spears não viraria a cadeira pra mim no programa X-Factor. Mas ai aos oito anos quis ser veterinária, mas meu mundo caiu novamente (sim, eu era uma criança dramática) depois que o Romeu (meu peixinho colorido) morreu e minha mãe explicou que veterinários nem sempre conseguiam salvar todos os animais, as vezes chegava a hora deles irem para o céu dos animais. Nem preciso dizer que desisti completamente dessa profissão e fiquei uma semana de luto em respeito ao Romeu né? Aos onze eu quis ser obstetra mas vomitei ao assistir um parto pelo YouTube, aquilo é bizarro demais (fiquei traumatizada até hoje). Então aos treze anos decidi que seria uma médica legista depois de assistir muitas séries policiais... Nem precisa ser um gênio pra deduzir que desisti disso quando pensei melhor e percebi que ficaria rodeada de cadáveres.

Meu melhor amigo gayOnde histórias criam vida. Descubra agora