Capítulo 8

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03 de março de 2026 (13:20 - Los Angeles, EUA)

Louis

Desde o segundo que Hope saiu daqui, Victória começou a falar comigo, tentando não brigar muito, mas ainda assim, listou as mil e uma coisas que podem dar errado se eu fizer algo por impulso, tanto na minha vida, quanto na de Alice. Sinceramente, não me importo muito com o que vai acontecer com ela, não mais, não depois de descobrir que ela passou seis anos escondendo meu próprio filho. Depois da Vic, foi a vez do James começar a falar sobre as minhas opções no momento e sinceramente, não me lembro de absolutamente nada.

— E aí, o que a gente vai almoçar? — Meu amigo se apoia na porta do estúdio.

— Ethan? O que você tá fazendo aqui?

— A gente não tinha combinado de almoçar junto? — Ai que droga.

— Ai, verdade. Aconteceu tanta coisa que eu acabei esquecendo. — É tanta coisa pra minha cabeça que eu me perdi. Nem parece que estou de férias.

— Deu pra ver pela cara da Vic e do James saindo daqui. É tão grave assim? — Ele ri como se estivesse debochando da situação. É normal fazerem tempestade em um copo d'água, mas infelizmente dessa vez não é tão idiota.

— Você vai querer se sentar.

— Vai, fala logo. Para de show. — Ele não faz ideia do que me espera.

— Eu tenho um filho. — E então ele fica mais branco do que é e procura um lugar para se sentar.

— Como é? Você engravidou uma fã durante a turnê? — Antes fosse. Acho que seria menos estressante.

— Ethan, eu tenho um filho com a Alice.

— Quem? — Eu entendo que ele não goste do assunto, mas tem momentos que beira a infantilidade.

— Não se faz de bobo. Sei que você não gosta de falar nela, mas é sério.

— Como você descobriu isso?

— Lê isso. Olha a foto. — Entrego a carta e a foto do menino para ele, que rapidamente volta a me encarar.

— E quem te garante que isso é verdade?

— Ela não teria motivo pra mentir sobre isso pra minha avó. E a Hope confirmou tudo.

— E quem garante que é verdade? — Que criatura insistente. Essa raiva dele pela Alice passa dos limites.

— O que você quer dizer?

— Olha o tamanho dessa criança, é muito nova pra ser sua filha.

— Olha a data, animal. Essa carta já tem anos.

— Ah, verdade.

— Convencido?

— Não. Não dá pra ter certeza que você é o pai.

— Você está falando que ela me traiu? — Depois de tudo que aconteceu, eu duvido que isso seja realmente uma opção. Alice não faria isso.

— Ou que ela ficou com outra pessoa logo que fugiu. Talvez ela tenha fugido pra encontrar essa pessoa. — Isso é absurdo, se fosse isso, ela nunca enganaria justo a minha avó.

— Ethan, ela fala que o menino é bisneto da minha avó, fala sobre mim. Ele é meu filho.

— É um menino? — Ai que vontade de bater nesse estrupício.

— Você leu ou não?

— Mais ou menos. É que a criança tá com o cabelo grande, um vestido, pensei que fosse uma menina. — Me lembro do que Hope disse mais cedo, mas nego novamente, não pode ser.

— É um menino.

— Ele nem se parece com você. Tem até olhos azuis. — Minha avó tem olhos azuis.

— Ethan, Alice não teria motivos pra mentir sobre isso, principalmente se queria me manter longe da criança. — Ela não arriscaria falar sobre com a minha avó.

— Louis, Alice fugiu pra outro país, de uma hora pra outra, sem avisar ninguém. Você era namorado dela, eu era praticamente um irmão e ela não teve a mínima consideração de se despedir da gente.

— Bom, ela me deixou uma carta.

— Por incrível que pareça, isso é o melhor que poderia acontecer. Eu recebi três mensagens antes de decidir que não valia mais a pena. — Ele a bloqueou e desde então nunca mais falou ou quis ouvir falar sobre ela. De todos, ele é o que mais se magoou e guarda rancor.

— E então vocês nunca mais se falaram. Eu sei, Ethan, já ouvi essa história um milhão de vezes.

— Não só eu né. — Ele não foi o único que cortou contato com Alice.

— Eu sei, já ouvi isso tudo várias vezes.

— O ponto é que se ela mentiu sobre ir embora, pode muito bem estar mentindo agora. — Ele tem um ponto.

— De qualquer forma, eu vou dar um jeito de ir atrás dela e então a gente vai descobrir a verdade.

— Boa sorte com isso. — Ele está completamente indiferente e isso por algum motivo me incomoda. — O que a gente vai comer?

— Você escolhe. — Ele tira o celular do bolso e faz o pedido em silêncio, enquanto eu continuo pensando no filho que eu não conheço.

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