Capítulo 63

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21 de abril de 2026 (15:20 - Los Angeles, EUA)

Alice

Cada dia que passa é um dia a menos com Lily. É assim que tenho encarado a situação. Sem provas consistente de que ele me agrediu, temos apenas os testemunhos de Lexie, Peter e uma carta que uma das professoras de Lily vai mandar. Também temos o fato dele ter tirado a Lily do país sem a minha autorização, mas a advogada não garantiu que isso é forte o suficiente. Nos próximos dias, eu, Louis e Lily passaremos por uma análise psicológica e os dois realizarão outro exame de dna, que será aberto pelo juiz do caso.

— Mamãe, quando a gente vai voltar pra nossa casa? — Coloco o lápis de cor de volta na mesa. — Tô com saudade de lá, da escola e dos meus amigos.

— Oh, estrelinha, eu também sinto falta de todo mundo lá, mas lembra que a mamãe te contou que ainda não foi decidido com quem você vai morar?— Agora é ela quem fica triste. A garotinha sai do seu lugar e vem até mim, se sentando no meu colo.

— Tá demorando muito, eu quero ficar com você, já falei.

— Filha, não é tão simples. Pode ser que o moço ache que você vai ter uma vida melhor se ficar com seu pai.

— Não pode ser bom se você estiver longe. — Eu sei, mas não posso falar isso, preciso prepará-la pra essa possibilidade, pra ser menos difícil.

— Meu amor, não fica com a cabecinha nisso agora.

— Se eu tiver que morar com meu pai... ele vai continuar trabalhando muito?

— Não sei, acho que não. Filha, seu papai te ama muito. De verdade. — Ela precisa entender isso, precisa acreditar.

— Eu também amo muito ele. Só não quero ficar longe de você. — Ela começa a querer chorar, mas a chegada de Kiera a distrai e eu respiro aliviada.

— Olha o que eu trouxe! — K mostra a caixa da loja dos biscoitos e Lily pula do meu colo.

— Biscoitos! — Elas vão até a cozinha e logo vejo minha filha voltando com dois biscoitos em um prato. Há dias eu deixei de implicar com isso, não importa mais, não quero ficar dando broncas por coisas pequenas.

— Oi, K. Como foi o dia? — Ela se senta no sofá e eu a acompanho, sempre mantendo o olho em Lily, na mesa.

— Sabe como é né, adolescentes querendo saber sobre o Louis e eu me fazendo de doida. Eu só queria uma vida normal. — Ela passa a mão no cabelo e suspira. É difícil e frustrante para ela e Dylan, que trabalham em escolas de ensino médio. Kiera só aguenta tudo porque o amor por Hope é maior.

— Acho que quando essa bomba estourar, a última coisa que sua vida vai ser é normal. — As pessoas sabem quem ela é. Não como sabem sobre Louis ou Hope e Ethan, mas a reconhecem como a namorada da empresária do cantor famoso. Existem adolescentes malucas por aí.

— Que cara é essa?

— Ela está preocupada com a audiência. Não aceita que talvez fique com o Louis. — Falo, ainda observando Lily. Eu me preocupo muito com ela.

— Já era de se esperar. Torce pra ela falar isso com a psicóloga que vai fazer a avaliação. Lily é sua maior chance. — Eu sei disso, mas não posso pedir que ela fale algo. Ela nem sabe que vai ter essa avaliação e só vai saber no dia. Não é algo com que ela tem que se preocupar.

— Às vezes eu me pergunto se seria mais fácil entrar em um acordo. Ceder e deixá-la com o Louis por um ou dois anos, depois ela volta a ficar comigo. — Isso passou pela minha cabeça tantas vezes que eu não pensei que falar sobre ia ser tão dolorido.

— Louis não é uma pessoa racional, não honraria esse acordo. Ia acabar levando vocês dois pra uma audiência de guarda, só que mais tarde.

— Pode ser, mas acabaria com essa angústia de agora.

— Alice, você não pode desistir.

— Não estaria desistindo. — Eu nunca desistiria de Lily, mas eu não sei se aguento muito tempo desse jeito, com essa sensação de que estão arrancando meu coração pela garganta.. — Kiera, Louis pode dar muita coisa pra ela. Lily pode ter um quarto do jeito que sempre sonhou, brinquedos novos, roupas de todos os jeitos. Com ele ela pode estudar na melhor escola, ter uma educação melhor.

— Para com isso agora. — Ela fala alto e eu olho para Lily. Minha filha continua despreocupada, deixou metade de um dos biscoitos no prato e voltou a colorir. — Alice, você está se ouvindo?

— Será que vale a pena submeter Lily a tudo isso?

— Sim. Alice, ela quer ficar com você. O juiz pode até deixá-la com o Louis, mas ela não vai aceitar tão facilmente. Lily tem a teimosia dele. — Ela tem razão, quando essa menina coloca algo na cabeça, nada tira.

— Eu tenho tanto medo dela sofrer.

— Você não pode protegê-la para sempre, Alice. Em algum momento ela vai se machucar.

— Mas tinha que ser dessa forma?

— E existe jeito fácil de se machucar? — Essa pergunta me deixa sem respostas. Ela tem razão. — Eu tenho certeza que ela vai dar tanto trabalho pro Louis, que ele não vai dar conta e vai ter que admitir que não consegue lidar com a filha. Ou ele vai te pedir ajuda, ou vai se desculpar e concordar em devolver a guarda dela pra você.

— Espero de verdade que você esteja certa. — Minha voz vacila e ela sabe que eu ainda não me convenci. Eu não tenho chances.

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