Capítulo 59

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11 de abril de 2026 (10:20 - Los Angeles, EUA)

Louis

As coisas estão melhores. Eu sabia que com o tempo Lily ia se acostumar a viver comigo. É só questão de tempo até tudo ser oficial. Ela não chora mais, e chama pela Alice com cada vez menos frequência. Só estamos enfrentando outro probleminha. O implante auditivo. Ela se recusa a usá-lo e já deu um problemão aqui.

— Eu bati na porta!

— Ela é surda, Ethan! — Hope grita de volta. É a quinta vez que ele entra no banheiro enquanto Lily está lá dentro e sempre tem o mesmo resultado. Gritos, crises de choro e horas da minha filha grudada nela.

— Cadê aquele troço que ela usa no ouvido?

— Ela não gosta, não quer ficar usando o tempo todo, nem é obrigada.

— Mas ela precisa, pra evitar coisas desse tipo. — Falo, tentando ser o mais calmo.

— Nós já havíamos combinado com ela, que ninguém entraria no banheiro quando a porta estivesse fechada. — Ela está certa, nós combinamos, mas não está dando certo.

— Ela quer a Alice. — Vic aparece com minha filha soluçando no colo.

— Arruma alguma coisa pra distrair a cabeça dela. — Ela sai, levando Lily e eu espero que algo dê certo.

— Louis, você precisa se esforçar mais. — Hope fala e sei que ela fala sobre o curso de libras. Eu faço o melhor que eu posso, mas também preciso trabalhar e ultimamente tenho tido tanta coisa pra fazer. — É escolha dela, usar ou não o implante.

— Eu sou o pai dela e se eu digo que ela tem que usar, ela vai usar.

— E é por isso que ela vive chamando pela Alice, que diz que vai morar com a mãe e que com ela é mais legal. — Não sei quantas vezes já ouvi isso, de pessoas diferentes.

— Claro, Alice mima ela.

— Alice nunca mimou a Lily, e você sabe disso.

— Não, eu não sei porque eu não estava lá. Por causa do egoísmo dela e... — Um tapa, mais um. Nos últimos dias eu levei tantos que daqui a pouco nem os sinto mais.

— Ela pode aceitar ouvir essas coisas calada, mas eu não. Ela pode aceitar suas agressões gratuitas, mas eu não vou deixar isso passar. — Agressões? Alice aumentou tudo mais uma vez. Eu devia ter imaginado que ela sairia de lá direto para contar tudo pra eles.

— Eu não agredi a Alice. Eu só a segurei, ela que surtou naquele hospital, falando que ia gritar e depois pedindo pra eu machucá-la pra poder me denunciar. Ela é maluca.

— Hospital? Espera, no dia que a Lily foi internada? — Só então percebo o que eu fiz. É óbvio, Alice é especialista em guardar segredos.

— Ela não... droga.

— Louis, seu desgraçado! Você bateu nela outra vez! — E então ela pula em cima de mim, me dando tapas e socos sem jeito, enquanto eu tento me defender. — Você tem noção das coisas que está fazendo?

— Eu não bati nela! Não me ouviu falando? Ela que surtou, eu só peguei no braço dela.

— É a mesma coisa, seu inútil!

— Você bateu na Alice? — Ethan pergunta, em choque. Ele nunca soube do que eu fiz, eu não me orgulho, mas ela faz com que eu perca o controle.

— E é esse cara que você defende, Ethan? O cara que bate na sua irmã?

— Ela não é minha irmã. — Ele se recompõe rápido, mas sei que está chateado.

— Sabe quem você me lembra? — Hope volta a falar comigo. — Sabe com quem você fica cada dia mais parecido? Nate. — Não. Ela não vai me comparar a ele. Sei que errei muito quando diminui o que ele causou a Alice. Sei que ele foi horrível para ela. Ela não pode me comparar a ele. — E eu não culpo a Alice por estar apavorada, de ter medo só de chegar perto de você. Você é um monstro. — Ela cospe as palavras e sai de perto, provavelmente indo até minha filha. Eu não sou o monstro, Alice é. Ela não tinha o direito de ter feito o que fez.

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