Capítulo 72

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06 de maio de 2026 (10:30 - Santa Barbara, EUA)

Louis

— Oi vovó. — Falo me sentando ao lado dela. Quando Natalie avisou que a dona Emily estava lúcida, não perdi tempo. Precisava contar tudo antes que ela se perdesse em sua própria mente outra vez.

— Oi meu menino, como você está? — O sorriso dela me alegra ainda mais.

— Bem, muito bem. Tenho uma novidade pra te contar. — Falo animado. Ela provavelmente não vai se lembrar da bisneta, só a viu uma vez e nem sempre a tal lucidez é completa.

— O que é?

— Lily vai morar comigo. Consegui a guarda dela.

— Quem é Lily?

— Minha filha, vovó. A senhora a conheceu há alguns dias.

— Não me lembro.

— Não tem problema. Vocês vão passar bastante tempo juntas. — Vou fazer questão de trazê-la sempre que tiver um tempo extra. Preciso aproveitar mais a minha avó e a Lily, a bisavó.

— E por que ela vai morar com você?

— Porque eu lutei pela guarda dela, pelo direito de conviver com a minha filha.

— A mãe dela morreu? — Ela pergunta olhando dentro dos meus olhos e eu sinto um calafrio. Não gosto nem de imaginar essa possibilidade.

— Não, mas fez algumas coisas que não foram legais. — Olho para o chão. — Eu também não fiz coisas legais. — Admito, mais para mim mesmo. Preciso aprender a admitir meus erros se for cuidar de uma criança. Não posso agir como uma.

— Ninguém é bom o tempo todo, meu menino. Você só não pode julgar as pessoas pelos erros delas. — Tenho a impressão de que já ouvi algo assim antes, mas não sei onde. De qualquer forma, fico confuso com a fala dela.

— Como assim? É justamente assim que nós sabemos quem elas são de verdade.

— Nem sempre, Louis. Você conhece a minha história, sabe o que minha mãe passou e eu também. Mas eu nunca te contei dos meus erros, minhas falhas. E foram muitos. — Fico surpreso e desconfiado. Não sei até que ponto é minha avó falando. Pode ser a doença confundindo a cabeça dela.

— Ainda não entendi.

— Bom, se eu te contasse das coisas erradas que eu fiz, você só se lembraria delas, por menores que fossem. Então eu preferi que você se lembrasse de mim pelas minhas conquistas. — Por mais que eu não queira, preciso admitir que faz sentido.

— Eu nem sei o que dizer.

— Você pode começar me agradecendo. Louis, não importa o quanto essa menina te fez mal, ela te deu uma filha, isso já é coisa boa o suficiente pra tentar esquecer os erros dela. — Já ouvi dizerem que um filho é sempre bom, mas até hoje não tive tempo o suficiente pra ter certeza disso. — Aliás, qual o nome dela? E da sua filha?

— Minha filha se chama Lily. A mãe dela se chama Alice.

— Eu conheci uma Alice uma vez. — Ah não. Tenho certeza que minha avó não conheceu muitas Alices por aí. — Ela era linda, um amor de pessoa. Tinha os olhos coloridos. — É... exatamente quem eu estava imaginando.

— Também conheci essa Alice. A senhora tem razão, ela era perfeita. — Ficamos em silêncio por um tempo. — Vovó.

— Oi meu amor.

— Acha que eu fiz bem? Em ter lutado pela Lily?

— Você acha que fez bem? — Ela pergunta de volta, olhando nos meus olhos. Mais uma vez sinto calafrios. Não sei a resposta.

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