One More Summer

Capítulo 12

08 de março de 2026 (10:30 - Los Angeles, EUA) (19:30 - Cochem, Alemanha)

Alice

Uma das coisas que eu mais sou grata é de ter mantido contato com alguns dos meus amigos. Quase todos na verdade. Ainda me dói que Ethan nunca tenha sequer me ouvido, que Mila e Lisa preferiram sumir do mapa também, saindo não só da minha vida, mas também da de todos os outros, mas não tinha nada que eu podia fazer na época, e agora muito menos. Pelo menos Lily cresce com a companhia diária de Lexie e o contato direto com Hope, Kiera, Dylan e Emma. No momento, observo a cena da minha filha com o celular preso no suporte, fazendo sinais em inglês que tem aprendido, mostrando para Hope e K que aprendeu muito mais do que da última vez que elas se falaram.

— Olha, tia. — Minha filha fala enquanto movimenta as mãos fazendo os sinais novos na frente da câmera.

— Eu também amo chocolate, estrelinha. — Hope fala enquanto sinaliza do outro lado da tela. A coisa mais incrível que ela fez pela Lily foi aprender libras para se comunicar com a minha filha. Ela aprendeu em alemão por um tempo, e assim que Lily começou a praticar o inglês, ela começou a aprender em inglês também, assim como eu e Lexie.

— Viu, mamãe? Ela sabe o que eu disse. Ela me entendeu. — A menininha pula pela sala, falando e sorrindo de felicidade. Tirando os colegas de turma e alguns professores, poucas pessoas se esforçam para aprender libras para se comunicarem, acham mais cômodo exigir que ela use o implante.

— Vi, meu amor. — Ela me abraça e se pendura no meu pescoço. — Mas você precisa tomar seu banho agora pra se arrumar para dormir.

— Mas mãe... — Ela não vai ousar fazer cena na frente da câmera, corto logo a frase e mantenho a calma.

— Lily, filha, você conhece as regras e os horários. Está na hora.

— Você vem também? — Lexie faz sinal para mim, indicando que cuida disso e que eu posso conversar com as meninas.

— Daqui a pouco. A Lexie vai arrumar a banheira e você vai poder brincar lá um pouquinho. — Assim eu ganho mais tempo.

— Ebaa! — Ela sai pulando com Lexie e assim que ouço a porta do banheiro se fechando, volto a prestar atenção no celular, tirando do suporte e carregando até o meu quarto.

— Pronto, ela já foi. Agora fala.

— O quê?

— Hope, não me mata de nervoso. Já sabe alguma coisa do Louis?

— Pra falar a verdade, ele sumiu ontem a noite e ainda não se deu ao trabalho de avisar se está vivo. — Não era esse tipo de notícia que eu esperava receber. — A Vic está em tempo de ter um ataque.

— Isso não é um bom sinal, né?

— Eu não sei. O Louis some assim às vezes, sim. Fica alguns dias sem dar notícias, não aparece em casa. Mas por conta da circunstância, a gente fica mais tenso por aqui.

— E eu por aqui né. Kiera, o que você acha? — Pergunto a namorada da minha amiga, que até então estava apenas observando tudo, enquanto fazia anotações em um caderno.

— Eu? Eu só sei que ele é um grande irresponsável e mimado por todos naquela equipe dele. Então independente do que ele for fazer, vai dar trabalho pra vocês se resolverem. — Sinceridade demais. Nesse ponto não dá pra saber se é algo bom ou ruim.

— Ei, amor, não piora a situação.

— Mas é a verdade, gente. Ele está acostumado com as coisas sendo do jeito que ele quer.

— Isso vai ser um caos. — Penso alto e vejo K balançando a cabeça do outro lado da tela, concordando comigo.

— E a Lily já sabe que o pai dela sabe dela? — Kiera só pode estar brincando comigo.

— Nem sonha. Eu não posso jogar essa bomba em cima dela assim. Preciso saber o que o Louis quer antes de encher a minha filha de expectativas. — Se ela sonhar que o Louis sabe da existência dela, vai começar a idealizar um pai maravilhoso que vai vir conhecê-la e amá-la incondicionalmente.

— Você acha que ela pode se decepcionar com ele?

— Eu não sei se eu acho, mas tenho medo de acontecer.

— Acho que ela vai lidar bem com a situação, só deve ficar um pouco confusa no início. Tudo depende de vocês dois se resolverem. — O que é uma coisa muito complicada.

— E você acha que ele vai querer me ouvir? — É quase uma pergunta retórica. Pelo que Hope disse, a última coisa que ele quer, é me ouvir.

— Você viu a última entrevista dele? — A pergunta de Hope me deixa curiosa, então já abro meu notebook e começo a digitar o nome dele na barra de pesquisa.

— De quando?

— Ontem.

— Ainda não, por quê?

— Acho que você deve assistir. — Abro um dos sites e vejo parte do que foi transcrito e traduzido para o alemão. — Ou pelo menos ouvir a música que ele tocou. — Isso eu faço depois.

— Só um minuto. — Termino de ler mais ou menos a parte sobre a música e fico chocada com a frieza dele. Louis está diferente nas fotos tiradas da entrevista. O olhar vago e frio. Fui eu que causei isso? — O que é isso? Ele falou de mim?

— Indiretamente. — Minha amiga diz, mas Kiera entra novamente na conversa.

— Ele foi bem direto sim, Alice, só não falou seu nome por um milagre. — Percebi. Pelo que entendi, insistiram muito, mas ele se recusou. Céus, se ele fala meu nome, não só a minha vida, mas a da Lily vira de ponta cabeça.

— Tô vendo. Hope, por favor, assim que souber de alguma coisa, me avisa.

— Relaxa. Assim que ele aparecer eu te falo.

— Isso pode levar dias. — Kiera faz outro comentário.

— Até lá eu entro em pane.

— Não entra nada. Alice, relaxa que vai dar certo. Louis é irresponsável sim, mas não colocaria a filha em risco. — É minha única esperança.

— Assim eu espero.

— Precisamos desligar. Tenho que retornar as quinze chamadas da Vic e as oito do James e a K precisa preparar as aulas dela.

— E eu preciso tirar minha filha do banho antes que ela transforme o banheiro todo em uma piscina. Tchau.

— Tchau.

Quando desligamos, fico mais um tempo lendo as notícias e vendo vídeos da entrevista. Escuto a música e desabo internamente. Céus, o que foi que eu fiz?