Capítulo 11

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07 de março de 2026 (18:30 - Santa Barbara, EUA)

Louis

Pode não parecer, mas eu não gosto de ficar assim, não gosto de ficar me sentindo dessa forma, nem de deixar essa mistura de sentimentos tomar conta de mim. Eu sei que eu não sou assim, mas eu me recuso a sair como errado nessa história toda. Eu sou a vítima dessa vez, eu e aquela criança que eu já não faço ideia se é um menino ou uma menina como dizem... Lily é um nome bonito.

Dirigir é uma das poucas coisas que me acalmam, por isso o caminho até Santa Barbara é essencial para que eu volte a respirar direito e pense antes de sair falando coisas que posso me arrepender depois. Quando chego na cidade o sentimento já é outro e eu só quero que ela esteja lúcida dessa vez, que saiba quem eu sou e converse comigo. Eu preciso tanto que ela fale alguma coisa para ajudar a colocar minha mente em ordem.

— Oi Natalie. — Cumprimento a mulher, que sorri e me deixa sozinho com Emily. Isso é um bom sinal. — Oi vovó.

— Oi meu menino, como vai? — Ela sorri de volta para mim e eu sinto meu coração se aquecendo. Ela se lembra de mim.

— Ótimo. Muito feliz em ver que a senhora está bem.

— Óbvio que eu estou bem, por quê não estaria? — Ela fala como se fosse ridículo eu ter feito aquela pergunta, me lembrando dos velhos tempos, de quando eu nem precisava fazê-la.

— A senhora tem razão, não tem motivo para não estar bem. — Me sento ao lado dela no sofá da sala e fico em silêncio por um tempo. Como se lesse meus pensamentos, a senhora introduz o assunto.

— Louis, a Alice tem falado com você?

— Comigo? — Céus, ela provavelmente está confusa na linha temporal outra vez. — Não vovó. E com você? — Talvez ela revele algo que eu ainda não saiba, mas para isso preciso ter cuidado e calma.

— Ela está sem dar notícias há algum tempo.

— E por quê ela falaria comigo?

— Ela disse que falaria com você. — Se ela disse isso mesmo, foi há anos.

— Comigo? O que a Alice disse? É sobre o filho dela? — Faço uma pergunta em cima da outra, ignorando completamente o fato da minha avó estar confusa.

— Filho? Que filho? Alice tem um filho? — Droga.

— Tem vovó. Aquele daquela carta, a foto do vestido de Minnie.

— Não sei do que você está falando. — Ela fecha a cara e cruza os braços, antes de falar a frase que faz tudo ter mais sentido. — Se sua irmã tivesse tido um filho eu saberia.

— Espera. Minha irmã?

— E eu conheço alguma outra Alice? — Mal consigo acreditar que ela se confundiu nos nomes e mal se lembra da minha ex namorada.

— Vovó... minha irmã se chama Lucy. Alice é... outra pessoa.

— Ah, quem? — Ela realmente parece muito interessada.

— Uma pessoa que foi muito especial.

— E por quê não é mais? — Odeio falar disso, não quero me aprofundar nesse assunto, não quero que ela pense que eu ainda estou sofrendo.

— Porque ela fez uma coisa que me machucou muito. Mas pode deixar que eu vou resolver isso.

— Ah eu acredito em você. Mas posso te falar só uma coisinha?

— O quê?

— Toma cuidado. — A encaro confuso. Cuidado com o quê? — Ela pode ter feito algo ruim, mas isso não a torna uma pessoa ruim. Todos temos o direito de cometer erros idiotas algumas vezes na vida e não devemos ser transformados neles. Pense bem no que fazer antes e não faça nada pior do que ela tenha feito. — As palavras me atingem como balas e eu prometo para mim mesmo que vou fazer o máximo para me lembrar delas. Preciso mesmo manter a calma.

— Pode deixar, vovó, pode deixar.

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