Capítulo 71

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05 de maio de 2026 (17:00 - Los Angeles, EUA)

Alice

O caminho até em casa foi tranquilo, já que Kiera deu um jeito de irmos em carros separados. Ela me respeitou, não ficou fazendo perguntas, apenas dirigiu enquanto eu chorava em silêncio. Quando chegamos em casa, percebi que não ia ser tão simples quanto eu imaginei. Lily não estava em lugar nenhum e Hope e Lexie estavam na sala, me esperando.

— Cadê ela? — Começo a me desesperar. — Louis chegou antes de mim? Eu...

— Respira. — Hope fala séria. — Lily só vai pra casa do Louis depois que você for embora, a advogada informou que o juiz determinou isso. — Não ouvi, depois de determinado ponto, não absorvi mais nada.

— Eu... não ouvi.

— Dylan e Peter foram com ela pra tomar sorvete. — Hope fala e se senta no sofá. — Alice, por que você nunca disse nada? — Não. Não vou voltar nesse assunto.

— Não sei do que você está falando.

— Sabe sim! — Ela grita comigo e eu fico em choque. Hope nunca falou dessa forma comigo. É como se eu tivesse perdendo mais uma pessoa. — Não se faz de louca. O Nate? Depois de tudo que ele te fez?

— Ali, por favor, a gente só quer entender. — Lexie fala mais baixo, percebendo meu nervosismo e tentando me acalmar.

— Fala alguma coisa, conversa com a gente. — Kiera também está calma, mas nada adianta. Sei que depois disso, também vou ter perdido Hope.

— Eu não posso. Vocês não entendem? — Tento segurar minhas lágrimas.

— Alice, sinceramente? Não. Por que você não pode falar nada?

— Lily. — Falo baixo. É o máximo. Elas que tirem a conclusão que quiserem. Não vou falar mais que isso.

— Como assim?

— Gente, eu preciso que vocês confiem em mim dessa vez. Eu sei que eu não mereço, mas eu preciso disso. Eu não falo mais sobre esse assunto, nem hoje, nem amanhã, nem nunca mais. — Hope tenta começar a falar, mas para o meu alívio, a porta se abre.

— Mamãe!!

— Oi estrelinha! Que saudade! — A abraço apertado, aproveitando o restinho de tempo que tenho com ela. — Como foi seu dia?

— Muito legal. E o seu? — Respiro fundo e Kiera faz sinal pra mim. Eu preciso falar. Lily merece saber agora pra aproveitar o tempo comigo.

— Filha, a gente precisa conversar. — A puxo até o sofá e meus amigos ficam apenas nos observando. Ela olha assustada para eles e se volta para mim, preocupada.

— Eu fiz alguma coisa errada?

— Não, meu amor. Senta aqui com a mamãe. — Ela se senta ao meu lado e eu seguro as mãozinhas dela.

— Você está triste. — Não é uma pergunta. Lily é muito sensitiva, mais do que eu gostaria que ela fosse.

— Lembra que eu te contei que um moço ia conversar com todo mundo e decidir se você ia morar com a mamãe ou com o papai?

— Lembro. Teve aquela moça também que pediu pra eu desenhar e brincou comigo.

— Isso mesmo. — Sinto as lágrimas chegando e minha voz sai embargada. — Então, hoje foi o dia de decidir.

— Mamãe? Por que você está chorando, mamãe? — Ela seca meu rosto e eu tento me controlar. — Não chora, eu vou morar com você. Eu vou ficar pra sempre com você, mamãe. — Lily fala me abraçando, e eu choro ainda mais. Levo alguns minutos para me recompor e afastá-la. Preciso falar isso olhando para ela.

— Lily, filha. — Arrumo o cabelo dela, que nesse ponto já está bem bagunçado. — O moço disse que é melhor você morar com seu papai.

— Não! — Ela se joga em cima de mim outra vez, com os braços em volta do meu pescoço, como se a qualquer momento alguém pudesse arrancá-la de mim. — Não, mamãe, eu não posso, tenho que ficar com você.

— Filha, eu também queria muito que você ficasse comigo pra sempre.

— Eu sei mamãe, por isso a gente tem que ficar juntinhas. — Só o fato dela saber como eu me sinto é importante pra mim. Não quero que ela pense que não lutei por ela.

— Só que esse moço é muito importante, a gente precisa obedecer.

— Não, ele não é você. Eu só tenho que obedecer você. — Quase consigo sorrir com o que ela diz.

— Mas eu preciso obedecer o que ele fala, meu amor.

— Senão você fica de castigo? — Ela mesma cria a analogia perfeita e eu aproveito a situação.

— Fico. Por muito, muito tempo.

— Eu não quero que você fique de castigo.

— Então. Nós precisamos obedecer. Você precisa ficar com seu papai. — Lily luta para não chorar, enquanto minhas lágrimas escorrem pelo meu rosto. Louis tem razão, ela tem o orgulho que eu tinha antigamente.

— Eu não quero ficar longe de você.

— Nem eu quero ficar longe de você. Filha, lembra quando eu disse que nós vamos estar sempre juntas? — Ela balança a cabeça.

— No coração né?

— Isso mesmo. Agora vai ser assim. — Respiro fundo e seco meu rosto novamente. — Eu não quero ir pra longe, mas eu preciso.

— Promete que vai me visitar logo?

— Prometo que vou tentar. — Minha resposta não a agrada, mas ela sabe que é o melhor que vai conseguir. — Lily, não precisa ter medo, seu pai é bom pra você, ele te ama. — Por mais que eu o odeie, não quero que ela sinta o mesmo, principalmente agora. — Louis quer te conhecer do mesmo jeitinho que eu conheço.

— Eu também amo meu pai, mas queria morar com você.

— Eu sei, estrelinha, eu sei. — A puxo para outro abraço e fico agarrada nela por um bom tempo.

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