Capítulo 23

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15 de março de 2026 (18:30 - Cochem, Alemanha)

Louis

Não estou atrasado, mas também não tenho certeza de que estou adiantado. Não me lembro qual foi o horário que eu combinei com a Alice. Meu corpo treme mesmo com as várias camadas de roupa. Minhas mãos suam por conta do nervosismo. E se ela não gostar de mim? E se a Alice encheu a cabeça da criança contra mim, falando um monte de besteira? Ok, calma. Eu só preciso respirar e focar para encontrar a casa certa. Não é tão difícil quanto eu imaginei, logo estou parado na frente da porta, tentando criar coragem para tocar a campainha.

— Oi. — Uma garota negra, alta, com cabelo longo cacheado abre a porta. Será essa a tal Lexie?

— Oi. Eu sou o Louis. — Me apresento, tentando manter a formalidade, mas não sou recebido tão bem. Óbvio, Alice falou de mim.

— Imaginei. E sou a Lexie. — Como o esperado.

— Alice está aí?

— Sim, ela está terminando de ajudar a Lily a se arrumar, vou chamar pra você. — Cada vez que alguém fala esse nome, eu sinto uma corrente elétrica pelo meu corpo. Me preparei para conhecer um garotinho e aqui tive a confirmação de que é mesmo uma menina. Ninguém me avisou que essa parte seria tão difícil. — Pode entrar, fica à vontade.

— Obrigado. — Lexie sai e eu observo a sala. Está completamente diferente de ontem. Hoje tem brinquedos por todos os lados, a televisão pausada em algum desenho que eu desconheço, um prato sujo na mesa de centro e até mesmo meias espalhadas. Alice eu sei que estava trabalhando, mas e a tal da Lexie? Ela não ajuda a arrumar tudo?

— Oi. — Alice aparece e eu nem sei dizer quanto tempo ela demorou. Ela está com o cabelo solto e eu consigo dizer que foi lavado hoje. Como eu ainda conheço os mínimos detalhes dela? — Eu poderia reclamar do seu atraso, mas sua filha herdou sua teimosia. — O bom humor me pega de surpresa, nem parece a mesma Alice de ontem. É como se ela nem se lembrasse da nossa discussão.

— Ela está pronta?

— Ansiosa. — Eu também estou. Passei seis anos sem saber que ela existia e semanas de angústia pensando nesse momento.

— Posso ir até ela?

— Louis, tem só uma coisa que eu preciso falar antes. — Talvez ela ainda se lembre de ontem...

— Não, Alice. Nós não vamos brigar agora, eu vim aqui pra ver minha filha e é o que eu vou fazer. — Passo por ela e chego a um corredor. A casa só tem um andar, tem quatro portas, não deve ser tão difícil descobrir onde a menina está.

— Mas é importante...

— Onde é o quarto dela? — Nada é mais importante que isso.

— Louis, para um pouco e me escuta. — Quando ela chega até mim, eu já estou parado, olhando minha filha sentada de costas para a porta, brincando com algumas bonecas no chão.

— Ei Lily. Lily? — Ela nem se mexe. Alice não seria capaz...

— Será que você pode parar pra pensar um pouco? — É a resposta dela ao perceber minha confusão.

— Ela nem olhou pra mim. Continuou de costas como se ninguém tivesse falado com ela.

— Louis, eu tô tentando te falar uma coisa importante.

— Você... você encheu a cabeça dela, não foi? — Sinto que estou consumido pela raiva. Como ela foi capaz? — Você falou um monte de besteira, inventou mentiras como sempre fez. — Ela tenta se afastar de mim, mas não vai conseguir fugir. — Colocou minha filha contra mim só pra dificultar meu relacionamento com ela.

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