Capítulo 53

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26 de março de 2026 (15:40 - Los Angeles, EUA)

Louis

Depois de conhecer minha avó e almoçar com ela, Lily cobrou o sorvete que eu tinha prometido antes de sair de casa. Eu sei que Alice não dá doces pra ela com muita frequência, mas não vejo razão pra isso. Crianças precisam de energia e tenho certeza que um sorvete não vai dar problema nenhum. Voltamos para o centro de Los Angeles para ir em uma das melhores sorveterias que eu já fui e que além de tudo, não é muito frequentada, então as chances de nos verem é menor.

— Já escolheu o seu? — Pergunto para a menininha, que está na ponta dos pés, tentando ver todos os sabores disponíveis.

— Quero igual o seu. — Dez minutos parada na frente do vidro pra no final deixar por minha conta.

— Tudo bem. Vai se sentar com a tia Lucy que eu vou pagar e já levo pra você.

— Tá bom.

Observo quando minha filha se afasta de mim e vai para perto da minha irmã. Peço dois sorvetes do melhor sabor que eles tem, pago e logo estou na mesa com as duas.

— Você tem certeza que gosta desse? — Coloco o pote na frente dela.

— Eu não sei. — Respiro fundo e abro um sorriso, tentando não demonstrar minha frustração.

— Se não gostar pode avisar que a gente pega outro pra você.

— Tá. — Ela começa a comer e como não reclama, também pego o meu. Lucy me encara e faz a pergunta da forma mais sutil que consegue.

— Lou, ninguém te ligou até agora?

— Ah, ligaram sim. — Coloco o celular em cima da mesa e ela vê a notificação de pelo menos dez mensagens da Hope, umas cinco da Vic e sete chamadas perdidas da Kiera. Eu nem sabia que ela ainda tinha meu número e principalmente que o dela ainda estava salvo no meu telefone.

— Você deveria atender.

— Não deveria não. Eles só querem me perturbar. — Ela só pode estar maluca, se eu der corda, vai piorar ainda mais. Só vão gritar no meu ouvido.

— Papai?

— Só um minuto, Lily. Se eu atender, eles vão ligar cada vez mais e quando eu perceber, vou passar o dia pendurado no telefone e... — Lily me interrompe mais uma vez e eu me pergunto onde está a educação que Alice diz que ela tem.

— Papai?

— Lily, eu pedi pra esperar.

— Tia Lucy, eu não gostei desse. — Ela se vira para minha irmã, que a atende na mesma hora. É por isso que essa menina é mimada desse jeito.

— Oh, baixinha, vamos pegar outro.

— Esse é ruim, fez minha boca coçar. — A fala dela chama minha atenção, assim como a de Lucy, que me encara.

— Como é?

— É. Tá muito ruim, tia. — A boca da menina está vermelha e parece inchar rápido.

— Louis, qual o sabor desse sorvete?

— Pasta de amendoim. — Depois de apagar o de morango da minha vida, esse foi o que eu mais gostei, principalmente o daqui.

— Acho que isso é uma reação alérgica. — Ela pega Lily no colo e eu encaro a menina.

— Você é alérgica a amendoim?

— Não lembro. Tia tá coçando muito. — Os olhos dela também incham e não sei dizer se ela está chorando ou é parte da reação.

— Louis, pro carro agora, a gente precisa ir pro hospital.

— Tá, tudo bem. — Pego tudo muito rápido e em pouco tempo já estamos no meu carro. Lucy entra no banco de trás com Lily e eu desesperado no banco do motorista.

— Vou ligando pra Alice pra avisar. E não ouse tentar me impedir.

— Fazer o que né. — Lily está assustada, com medo, reclamando de dor e do incômodo. Preciso pensar para encontrar o melhor caminho até o hospital e fugir do trânsito infernal dessa cidade.

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