Capítulo 73

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07 de maio de 2026 (13:40 - Los Angeles, EUA)

Alice

Eu nunca pensei que eu ia sentir uma dor tão grande quanto a que eu estou sentindo agora. Lily sabe que hoje é o dia que vamos nos separar e está impossível. Ela grudou em mim de uma forma que eu não pensei que fosse possível e eu cheguei num ponto que já nem sinto mais o peso dela pendurada nas minhas costas ou agarrada nas minhas pernas. E por mais que eu tentasse fingir que estava tudo bem, agora não temos mais tempo. Precisamos ir para o aeroporto e ela vai para a casa do Louis.

— Estrelinha, a gente precisa conversar. — Me sento no sofá e assim que termino de falar, vejo os olhinhos dela cheios de lágrimas.

— Não mamãe, eu não quero.

— Lily, eu também não, mas eu preciso. — Ela vê Peter e Lexie saindo com nossas malas e fica mais desesperada ainda.

— Não, por favor. Não me deixa aqui. Não me deixa sozinha. — Ela fala, grudando no meu pescoço.

— Filha, você não vai ficar sozinha. Você nunca vai estar sozinha.

— Eu vou ficar sem você, já é ruim.

— A gente já falou disso, né?

— Já, mas eu não gosto. Não quero morar com meu pai, quero ir pra casa com você. Pra minha casa de verdade. — Não sei onde estava com a cabeça quando deixei isso chegar nesse nível. Eu nunca pensei que fosse sofrer tanto. Que a Lily fosse sofrer tanto.

— Lily, isso é tudo que eu mais quero, mas eu não posso te levar. Não agora. — Pretendo lutar pela guarda dela, mas agora é inviável. Preciso cuidar de mim, garantir que vou estar bem o suficiente para encarar outra audiência, com tantas verdades sendo jogadas no meu colo.

— Pode sim, mamãe. Eu quero conversar com o moço, quero falar que eu quero ir com você.

— Não é assim que funciona, meu amor. — Já desisti de me controlar e também deixo minhas lágrimas escorrerem. — Você precisa ser forte e corajosa. Assim que eu puder, eu venho te visitar.

— Eu não quero que você venha me visitar, eu quero você morando comigo, pra te ver e te abraçar todo dia.

— Eu sei, eu também quero, mas eu já te expliquei, não podemos. Não agora. — Vejo Lexie fazendo sinal, indicando que precisamos ir. Confiro no relógio e percebo que já estamos no limite do nosso tempo. — Você precisa ir com a Hope agora, ela vai te levar pra casa do papai. — Antes que ela pule outra vez pra perto de mim, me levanto e minha amiga a segura no colo.

— Não! — A cena da garotinha se esperneando no colo de Hope é demais para mim. — Não! Eu não quero! Mamãe não me deixa aqui! Mamãe não me abandona aqui! — As palavras dela me atingem feito facas. É assim que ela se sente, abandonada. Foi assim que Louis se sentiu. Será que tudo que eu sei fazer, é abandonar as pessoas que eu amo?

— Alice, vamos. Ela está bem. Vai ficar bem. É só o choque. — Já estamos do lado de fora, mas os gritos e o choro de Lily me prendem ali. Quero voltar, abraçá-la e levá-la comigo de volta pra casa. Não quero que ela sofra por conta dos meus erros. Não era pra ser assim.

— Ela não está bem, Peter. Eu tô abandonando minha filha com um homem que ela conhece há dois meses.

— E é o pai dela. — A frase de Lexie não me tranquiliza. Nem ela confia no que diz. — Ali, ela tem a Hope, a Kiera, a Emma, o Dylan. Todo mundo vai ajudar a cuidar dela. Uma hora ou outra o Louis percebe que fez besteira. — Duvido muito que isso aconteça.

— Vamos logo, eu não vou aguentar ficar ouvindo os gritos dela. É tortura demais. — Pego minha mala, Peter me ampara, como se me desse forças para continuar andando, sem voltar atrás, e quando percebo, já estou dentro do táxi que vai nos levar até o aeroporto.

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