Capítulo 37

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23 de março de 2026 (16:50 - Cochem, Alemanha)

Alice

Fui chamada umas três vezes depois que fui para o prédio do ensino médio. Lily realmente não estava bem. Para minha surpresa, Lexie parecia ter razão. Em algum momento ela ia se distrair e passou o resto do dia muito bem. Ou eu pensei que tinha sido isso. Quando cheguei na sala dela, só a mochila estava lá.

— Onde está Lily? — Ela me olha parecendo confusa.

— Como assim?

— Lily, minha filha. Onde ela está?

— Ela saiu mais cedo, como você conversou com o pai dela. — Me pergunto o motivo dela falar isso como se fosse óbvio e eu maluca.

— Eu não falo com o pai dela há três dias.

— Como assim? Ele veio aqui, dizendo que você tinha autorizado a saída dela com ele mais cedo. — Começo a tremer. Ele não pode ter tido coragem de fazer isso. — Algo sobre ele logo ir embora.

— E você deixou aquele maluco sair com a minha filha?

— Alice, ele não é o pai dela? — Na teoria sim, mas não tem agido como um ultimamente.

— É, mas... não vem ao caso. Você deveria ter me consultado antes. — São regras da escola. Criança nenhuma sai se não for com o responsável legal sem uma autorização por escrito. Como isso foi acontecer?

— Eu quis, mas a Lily ficou tão agitada com a possibilidade de passear com ele. Louis disse que você tinha esquecido de avisar porque estava distraída e realmente, você não parecia muito bem hoje.

— Porque eu não preguei os olhos a noite. Há dias ele desapareceu e a Lily estava em prantos pela falta de notícias. — Falo tudo muito rápido e eu realmente não tenho certeza se misturei o inglês no meio das frases. Meu cérebro não funciona mais. — Ele disse onde ia?

— Não. Ele falou que ia passar o resto do dia com a Lily porque logo ia embora. E pediu pra avisar que ia deixar a Lily em casa um pouco mais tarde. — Mais tarde? Mais tarde quando? Se eu chegar em casa e minha filha não estiver lá eu vou ter um ataque. Outro.

— Não tô me sentindo bem. — Minha ansiedade ataca. Nunca fiquei sem saber cada passo da minha filha. Ela nunca ficou longe de mim dessa forma. Eu preciso encontrá-la.

— Toma. — Ela me entrega um copo de água. — Alice, me desculpa. Vocês pareciam tão bem, cheguei a pensar que iam reatar, que eu nem pensei que ele pudesse fazer isso.

— Não precisa se desculpar. A culpa não é sua. — Isso vai me perseguir o resto da minha vida. — É minha. — Falo baixo.

— Como?

— Nada. Eu conheço ele há quase dez anos, sei que é capaz de convencer a qualquer um de qualquer coisa. Eu só preciso pensar e descobrir pra onde ele poderia levar a Lily.

— Você acha que ele faria algum mal a ela? — Não gosto nem de pensar nisso. Prefiro acreditar que ainda tem um restinho de humanidade no Louis.

— Não. Ele quer se vingar de mim, mas não vai fazer mal algum à própria filha. Não é isso que me preocupa.

— Tem alguma coisa que eu possa fazer pra ajudar?

— Tem. Ficar calada. — Ela me olha assustada. A ideia de ligar pra polícia já passou pela minha cabeça várias vezes, mas só ia fazer uma bagunça ainda maior. — Por favor, não conta absolutamente nada disso pra ninguém. Eu não quero piorar tudo.

— Fica tranquila. Vem, vou te deixar em casa.

— Não tem como eu ficar tranquila agora, mas eu aceito a carona. — É tudo muito perto, mas estou tão devastada que tenho medo de passar mal no meio da rua.

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