Capítulo 43

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23 de março de 2026 (23:20 - Los Angeles, EUA)

24 de março de 2026 (08:20 - Cochem, Alemanha)

Alice

Já era manhã quando o telefone tocou. Passei a noite em claro e só consegui comer porque Lexie me obrigou. Ela ficou do meu lado o tempo todo e mesmo falando que dormiu um pouco, eu duvido muito que isso tenha acontecido.

— Hope? — Vejo o rosto da minha amiga do outro lado da tela.

— Oi.

— Onde ela está? Hope, ela está bem?

— Alice, fica calma. Lexie está aí? — Isso me assusta, por que ela só não fala logo?

— Lexie? — A cacheada se levanta e vem até mim devagar. — Tá aqui sim. Hope fala logo.

— Lily está aqui, está dormindo e está bem agora. — Ela não consegue me encarar, fica desviando o olhar como se estivesse ansiosa por algo.

— Hope, o que aconteceu? Sua voz não está normal. — A conheço tão bem quanto ela me conhece.

— Alice, você precisa ter em mente que já passou, Lily já está bem. — Imediatamente sei.

— O que ele fez com ela?

— Louis dopou a Lily. — Quero gritar, chorar. Quero matar o Louis. Não. Quero destruí-lo da mesma forma que ele me destruiu. Quero que ele sofra da mesma forma que estou sofrendo desde o segundo que ele resolveu aparecer.

— Quê? Como?

— Ele deu antialérgico pra ela dormir na viagem. Passou do limite recomendado e ela passou mal. — Ele não pode ter tido coragem de fazer isso. — Nada muito grave.

— Como assim nada muito grave? Hope, ele quase matou minha filha. — Ele não tem noção de nada, parece uma criança.

— Ela só vomitou, agora já está bem. Conseguiu comer, tomou outro banho e está dormindo. — Tento me acalmar mas é impossível. Minha filha está passando mal e eu não estou com ela.

— Você vai cuidar dela pra mim, né?

— Melhor. Estou te mandando sua passagem pra Los Angeles. — Ela não pode estar falando sério.

— Hope, tá maluca?

— Vem buscar sua filha, Alice.

— Eu prometo que vou te pagar cada centavo. — Não posso recusar, mas também não quero que ela gaste tudo que tem comigo.

— Alice, não sou eu quem está pagando por isso.

— Não?

— Eu tenho acesso à conta bancária do Louis. — Lexie começa a rir ao meu lado e só então eu entendo o que ela quis dizer. — Você vem de executiva.

— Você ficou maluca? Nem pensar! — Não quero nada dele.

— Ah, você vai sim. Isso é pouco pelo que ele fez. — Lexie fala.

— Ele já começou a pagar. — A fala de Hope me preocupa. Se ela tiver denunciado o Louis, essa situação vai virar uma bola de neve.

— Como assim?

— Digamos que eu talvez eu tenha vazado a informação com local e hora que ele ia chegar em Los Angeles e agora provavelmente a internet inteira está se perguntando quem é a criança que o Louis carregava. — Não. Ela não fez isso. — Eu também dei uns bons tapas nele. — Isso foi merecido. — Vic o proibiu de chegar perto da Lily e mesmo se ele chegasse, ela só falava de você.

— Espera, eu travei na parte dos jornalistas. Divulgaram fotos da Lily? — Minha maior preocupação agora é essa. Não quero minha filha tão exposta.

— Não, fica calma. Eu sabia que o James ia encontrá-lo, então tinha certeza que mesmo se o Louis fosse burro o bastante pra esquecer, James ia dar um jeito de cobrir sua filha. Lily não teve a imagem exposta em nenhum momento, Ali. — Isso me tranquiliza um pouco. — A questão é que agora tem um mar de gente louca pra saber quem é a criança.

— Você acha que ele falaria?

— O Louis? Se ele falar, vai ser acusado de sequestro pela mídia mesmo. Vic é responsável, Alice, você vai gostar dela. — Espero que eu nem precise conhecê-la. Divago um pouco e então algo importante surge.

— Hope, acabei de lembrar de uma coisa. Lily não tem baterias para o implante e as que estão nele provavelmente vão acabar logo. Você ainda sabe alguma coisa?

— Sei me virar. Alice, eu não vou deixar a Lily sozinha nem por um segundo. — Isso me conforta muito. Lily vai precisar de alguém que ela realmente conheça por perto.

— Eu posso vê-la? — Ela concorda com a cabeça e entra em um quarto escuro. Vejo minha filha em uma cama pequena e Emma em um colchão no chão. As duas estão de mãos dadas e eu sei que minha filha está em boas mãos. — Ah, meu amor. Mamãe está chegando...

— Vai fazer suas malas, traz algumas coisinhas da Lily também.

— Eu vou. Que horas é meu voo?

— Não lembro muito bem o horário, mas sei que é de noite. Foi mal, foi o que eu consegui. — É melhor do que o que eu esperava.

— Tudo bem, é melhor do que ficar longe dela pra sempre. Obrigada, Hope. — Minha amiga sorri e desliga a chamada. 

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