Capítulo 91

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23 de junho de 2026 (08:00 - Los Angeles, EUA) (17:00 - Cochem, Alemanha)

Hope

Eu não sei se devia estar fazendo isso, mas nesse momento, eu não tenho certeza de mais nada, então só resolvi ouvir a voz irritante mandando eu ligar pra Alice antes da Lily acordar. Só fiz as contas do fuso horário pra ter certeza de que ela ia estar livre. Ela está de férias na escola, mas fiquei sabendo que têm trabalhado na lanchonete meio período por dia. Não sei se isso é bom ou ruim.

— Bom dia. — Ela atende esfregando os olhos e eu fico confusa.

— Você não foi trabalhar hoje?

— Fui. Mas dormi quando cheguei em casa, depois do almoço. — Isso não é normal. Alice nunca foi de dormir no meio do dia, ela nunca conseguiu.

— Entendi. Tudo bem por aí?

— Sim. E aí? Como está a Lily? — Ela muda de assunto rápido e eu respiro fundo, me controlando pra não começar uma discussão, listando todos os motivos pra ela parra de fingir.

— Dormindo ainda. Ontem foi um dia difícil.

— O que aconteceu?

— Louis. Ele teve que viajar pra dar algumas entrevistas, falar da música nova. Vai passar uns dias fora. — Ela coloca o celular em cima da cama e eu fico encarando o teto do quarto dela.

— E daí?

— Sua filha deu um chilique porque não podia ir com ele. Nem se despediu. Passou o dia todinho com a cara fechada. — Consigo ouvir um riso de leve, mas ele logo cessa e Alice pergunta séria.

— Espera. O Louis viajou do nada e não levou a Lily?

— Exatamente. Foi uma bagunça.

— Como a Lily está agora?

— Ah, ela teve que aceitar né. — Ela fica em silêncio e eu resolvo garantir que está tudo certo. — Alice, você está bem mesmo?

— Por que a pergunta?

— Porque eu tô olhando pro teto e sua voz está diferente. — Conheço mesmo através do telefone. Alice está lutando contra ela mesma pra não começar a chorar. Ela sabe que se começar, não vai parar tão cedo.

— Início da primavera, tô com uma crise alérgica horrível.

— Crise alérgica? Você nunca teve isso.

— Começou já tem um tempo. Vou tomar um remédio pra isso mais tarde. — Eu não acredito nessa desculpa, e ela sabe que não adianta muito falar essas coisas.

— Tudo bem. Se cuida. — Olho para a escada e vejo Lily descendo com o rosto amassado e o cabelo bagunçado. — Ei, olha quem acordou. — Alice finalmente pega o telefone e eu vejo um sorriso. É melhor do que nada.

— Bom dia, cara de preguiça. — Ela fala com a filha, sinalizando ao mesmo tempo, quando a menina chega perto de mim.

— Bom dia. Tia, tô com fome.

— Toma, fica falando com a mamãe que eu vou preparar alguma coisa pra você. — Entrego o celular pra ela, que o coloca apoiado nos livros de colorir que estão na mesa de centro.

— Tá bom.

Saio da sala, deixando as duas. Alice não está bem, é nítido, mas Lily ainda não notou isso. Se em algum momento ela perceber algo diferente na mãe, Louis vai ter trabalho pra segurar essa criança aqui. Se eu conheço bem, ela tenta fugir pra ir atrás da mãe.

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